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Linha Direta

Temer perde segundo ministro em 18 dias

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O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, entregou uma carta pedindo demissão ao presidente Michel Temer nesta segunda-feira (31). O estopim foi a divulgação de uma conversa gravada em que ele dá conselhos ao presidente do Senado, Renan Calheiros, de como agir em relação às investigações contra o senador na Lava Jato. Em seu lugar, assumirá interinamente o secretário-executivo Carlos Higino Ribeiro Alencar.

Fabiano Silveira, ex-ministro da Transparência, Fiscalização e Controle
Fabiano Silveira, ex-ministro da Transparência, Fiscalização e Controle (Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados)
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Luciana Marques, correspondente da RFI em Brasília

Na carta entregue a Temer, o ministro diz que “não imaginava ser alvo de especulações tão insólitas” e que não há nas suas palavras “nenhuma oposição aos trabalhos do Ministério Público ou do Judiciário”, instituições pelas quais diz ter “grande respeito”. Segundo ele, os comentários foram genéricos e refletem uma simples opinião num contexto de informalidade. O ministro finalizou a carta dizendo que jamais intercedeu junto a órgãos públicos em favor de terceiros. O áudio gravado três meses antes de Silveira assumir o ministério sugere que ele atuou em favor de Renan.

A carta foi divulgada poucas horas depois de Temer avisar que o ministro continuaria à  frente do cargo. O presidente tinha dificuldade em demitir um nome indicado por Renan Calheiros no momento em que o Senado julga o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Mas o ministro vinha sofrendo pressão de todos os lados e nem conseguiu chegar ao trabalho na segunda-feira. Às 7 horas da manhã, um grupo de servidores da extinta Controladoria-Geral da União começou os protestos e impediu que ele entrasse no prédio.

Com vassouras e baldes a mão, os servidores lavaram a fachada e os andares do edifício e chegaram até o gabinete do ministro aos gritos de “Fora Fabiano”. Também houve protesto em frente ao Palácio do Planalto. Além disso, chefes regionais da extinta CGU entregaram os cargos na segunda-feira. Os servidores exigiam não só a demissão do ministro, como também a volta do nome Controladoria-Geral da União, órgão que era vinculado à Presidência e virou o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle na gestão de Temer. Até a Transparência Internacional, órgão de combate à corrupção em todo o mundo, divulgou um comunicado pedindo a exoneração do ministro.

Congresso faz pressão

O Congresso também fez pressão para demitir o ministro, incluindo aliados. O senador Alvaro Dias, do PV, partido que se mantem independente mas apoia medidas de Temer, me disse que o governo perderia a credibilidade mantendo Silveira no cargo. "O próprio presidente disse que não iria interferir na operação, e agora ele é pego em flagrante dizendo que, de uma maneira ou de outra poderia interferir. Não fica bem para o governo", declarou. Lembrando que, antes mesmo dos áudios vazarem, 27 emendas de partidos como PT, REDE, PCdoB, PTB e PSOL tinham sido apresentadas contra a extinção da CGU.

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