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Brasil/Le Monde

"Ação do governo brasileiro no Ministério da Cultura suscitava críticas", diz Le Monde

O site do jornal Le Monde deste sábado (14) destaca o fim do Ministério da Cultura no Brasil, integrado à Educação pelo novo governo Temer. O diário francês lembra que a extinção do Minc tem um forte valor simbólico e gerou uma grande polêmica entre intelectuais, além de ter sido muito criticada nas redes sociais.

A extinção do Ministério da Cultura por Michel Temer provocou uma grande polêmica
A extinção do Ministério da Cultura por Michel Temer provocou uma grande polêmica Reuters
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Em entrevista ao jornal, o cineasta Nelson Pereira dos Santos deplorou a fusão dos dois ministérios, mas também lembrou que o Minc foi criado no fim da ditadura, no governo Sarney, para "ostentar, e fingir que o Estado se interessa à Cultura".

O Le Monde lembra que alguns titulares da pasta foram personalidades como o economista Celso Furtado, o sociólogo Francisco Weffort ou o cantor Gilberto Gil, nomeado pelo ex-presidente Lula. Mas, para o jornal, nenhum deles deixou sua marca como o diplomata Sergio Paulo Rouanet, que criou a lei Rouanet em 1991 atraindo investimentos privados para iniciativas culturais, em troca de dedução nos impostos.

“A Lei Rouanet foi muito positiva, mesmo se ela não é a solução ideal”, disse Nelson Pereira ao Le Monde. O ex-ministro Juca Ferreira, diz o texto, era contrário ao dispositivo que deixava a decisão de julgar os projetos nas mãos de gerentes de marketing das empresas – a Petrobras, aliás, era uma das principais patrocinadoras dos filmes no Brasil.

"Ancine era acusada de sectarismo e populismo"

O Le Monde também observa que a ação do Estado no Ministério da Cultura suscitava muitas críticas. Uma delas foi a nomeação de Ana de Hollanda, irmã de Chico Buarque. Cineastas ouvidos pelo jornal também afirmam que a Ancine tornou-se uma imensa burocracia, controlada pelo Partido Comunista do Brasil. A agência, desta forma, era acusada de sectarismo e populismo, apoiando filmes comerciais em detrimento dos projetos mais autorais.

“O Ministério da Cultura tem um valor simbólico e polêmico no contexto da polarização política que vivemos”, diz o filósofo Eduardo Jardim de Moraes, ouvido pelo jornal. “Mas não podemos nos esquecer que os principais avanços das políticas culturais públicas são anteriores à criação de um ministério específico”.
 

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