Le Monde: Câmara virou “selva onde reina a lei do cada um por si”
A decisão do presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão, de anular a votação do impeachment é assunto em destaque da imprensa francesa nesta terça-feira (10). O jornal Le Monde afirma que “o impeachment virou uma peça de vaudeville”, em referência ao gênero de teatro cômico tipicamente francês.
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A reviravolta, frisa Le Monde, demonstra a que ponto a Câmara dos Deputados se tornou “uma selva, onde reina a lei do cada um por si”, em um cenário político que se mostra, cada vez mais, “devastado”.
O texto lembra que Maranhão tinha avisado que “haveria surpresas” com ele no cargo, e surpresa é o mínimo que se pode dizer da decisão de cancelar a votação dos deputados, ocorrida em 17 de abril. A reportagem indica que Maranhão até poderia ter sido o herói dos apoiadores da presidente Dilma Rousseff e dos defensores da tese do golpe de Estado em curso no país. Porém, poucas horas depois, o presidente do Senado indicou que ignoraria o anúncio do colega e garantiu que a votação vai ocorrer nesta quarta-feira (11), conforme previsto.
Le Monde afirma que Maranhão, dono de “uma obscura reputação”, fracassou na sua tentativa, e, com isso, conseguiu jogar ainda mais descrédito na política brasileira. O texto ressalta que o impasse levou o país para mais algumas horas de caos político, com direito à reação negativa e imediata dos mercados financeiros.
Política devastada
A reportagem, assinada pela correspondente do diário em São Paulo, Claire Gatinois, explica que até a presidente ficou surpresa com a decisão. Seus aliados na política e na internet “chegaram a acreditar por um instante” que o impeachment poderia ser revogado. O texto relata que, nas redes sociais, memes compararam o episódio à nomeação equivocada da Miss Colômbia, com montagens substituindo os rostos das jovens pelos de Dilma e Michel Temer, no momento da troca da faixa da vencedora do concurso de beleza.
“Porém, a presidente riu por pouco tempo”, diz a matéria. Um conselheiro da presidência indicou ao jornal que, no fim, o efeito da confusão foi negativo para o governo, que pareceu estar “desesperado” e “mendigando por qualquer chance de permanecer no poder”.
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