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Brasil/ crise

Le Monde: Câmara virou “selva onde reina a lei do cada um por si”

A decisão do presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão, de anular a votação do impeachment é assunto em destaque da imprensa francesa nesta terça-feira (10). O jornal Le Monde afirma que “o impeachment virou uma peça de vaudeville”, em referência ao gênero de teatro cômico tipicamente francês.

Decisão de deputado Waldir Maranhão teve repercussão ruim na imprensa estrangeira.
Decisão de deputado Waldir Maranhão teve repercussão ruim na imprensa estrangeira. REUTERS/Adriano Machado
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A reviravolta, frisa Le Monde, demonstra a que ponto a Câmara dos Deputados se tornou “uma selva, onde reina a lei do cada um por si”, em um cenário político que se mostra, cada vez mais, “devastado”.

O texto lembra que Maranhão tinha avisado que “haveria surpresas” com ele no cargo, e surpresa é o mínimo que se pode dizer da decisão de cancelar a votação dos deputados, ocorrida em 17 de abril. A reportagem indica que Maranhão até poderia ter sido o herói dos apoiadores da presidente Dilma Rousseff e dos defensores da tese do golpe de Estado em curso no país. Porém, poucas horas depois, o presidente do Senado indicou que ignoraria o anúncio do colega e garantiu que a votação vai ocorrer nesta quarta-feira (11), conforme previsto.

Le Monde afirma que Maranhão, dono de “uma obscura reputação”, fracassou na sua tentativa, e, com isso, conseguiu jogar ainda mais descrédito na política brasileira. O texto ressalta que o impasse levou o país para mais algumas horas de caos político, com direito à reação negativa e imediata dos mercados financeiros.

Política devastada

A reportagem, assinada pela correspondente do diário em São Paulo, Claire Gatinois, explica que até a presidente ficou surpresa com a decisão. Seus aliados na política e na internet “chegaram a acreditar por um instante” que o impeachment poderia ser revogado. O texto relata que, nas redes sociais, memes compararam o episódio à nomeação equivocada da Miss Colômbia, com montagens substituindo os rostos das jovens pelos de Dilma e Michel Temer, no momento da troca da faixa da vencedora do concurso de beleza.

“Porém, a presidente riu por pouco tempo”, diz a matéria. Um conselheiro da presidência indicou ao jornal que, no fim, o efeito da confusão foi negativo para o governo, que pareceu estar “desesperado” e “mendigando por qualquer chance de permanecer no poder”.
 

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