Acessar o conteúdo principal
Brasil/crise

Le Monde traz perfil de Janaina Paschoal, "a advogada indignada"

O jornal le Monde traz nesta segunda-feira (2) uma entrevista com a advogada Janaina Paschoal, coautora do pedido de impeachment lançado em dezembro contra Dilma Rousseff. Foi ela quem formulou a acusação de crime de responsabilidade trazendo à tona as “pedaladas fiscais”, uma manobra contábil que teria permitido a presidente mascarar o déficit público e vencer as eleições de 2014.

Os autores do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal, depõem na comissão especial que analisa o processo.
Os autores do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal, depõem na comissão especial que analisa o processo. Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
Publicidade

O jornal francês lembra que a advogada se apresenta como uma “simples cidadã, sem ambições políticas”, e não se sente "atribulada pela sua notoriedade". Ela pensa apenas ter enviado “um sinal de cidadania”, e insiste que as pedaladas fiscais são a confirmação de uma falta grave da presidente.

Descrita “como uma histérica pelos seus rivais desde seu discurso entusiasmado na Universidade de São Paulo, onde ela prometeu liberar o país da escravidão das almas e dos espíritos”, segundo o Le Monde, a professora de Direito assume: “disseram que eu estava bêbada e me compararam com um pastor evangélico. E se eu fosse um pastor? Meu discurso teria tido menos peso?”, indaga. Ao jornal francês, a advogada também denuncia os decretos fiscais sem acordo do Congresso e a manutenção de suspeitos de corrupção na Petrobras.

“Incapaz de ficar calada”

O jornal francês em seguida descreve como a advogada, ao lado de seu ex-professor e diretor de tese, Miguel Reale Júnior, diz ter descoberto o crime de responsabilidade do qual a presidente é acusada. “Diante do PSDB, ela fala de impeachment, mas o partido não ousa ir mais longe”, descreve o Le Monde.

Depois de participar de uma manifestação contra a presidente, ela entrega ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, um dossiê com o pedido de impeachment em setembro de 2015. “Mas só em dezembro, acusado de fraude e de evasão fiscal, e temendo perder seu status e sua imunidade, que ele decide abrir o processo”, diz o texto. “E o nome Janaina Paschoal deixa os bastidores.”

Janaina Paschoal não se importa, ressalta o le Monde, que Cunha esteja à frente do processo. “Ele vai cair”, diz, lembrando seu papel de “indignada”, segundo o jornal. “Incapaz de ficar calada, ela conta que no dia do batizado de seu filho questionou o padre sobre a existência do purgatório", lembra a reportagem.

Rancor contra o PT

A professora parece ter alimentado um profundo rancor contra o PT, lembra o jornal. “Nunca gostei do PT. Esse partido não permite o diálogo, não aceita a crítica. Ele é autoritário”, declara. Questionada sobre as dezenas de milhões de brasileiros que Lula tirou da pobreza, ela diz se tratar de “uma ilusão”. Em 2014 ela votou em Marina Silva e em Aécio Neves no segundo turno. “Hoje, nenhum partido aparentemente a convém”, afirma o Le Monde.
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.