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Brasil/Olímpiadas

A 100 dias das Olimpíadas, favelas vivem "clima de terror", diz Anistia Internacional

A Anistia Internacional divulgou um comunicado nesta quarta-feira (27) denunciando os homicídios cometidos por policiais nas favelas cariocas, a 100 dias dos Jogos Olímpicos. De acordo com a organização, seus habitantes vivem “em um clima de terror”.

Policiais em ação na Vila Cruzeiro, no Rio
Policiais em ação na Vila Cruzeiro, no Rio REUTERS/Bruno Domingos
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Desde o início do mês, de acordo com a organização, pelo menos 11 assassinatos com arma de fogo foram cometidos por policiais. Uma das vítimas foi um menino de apenas 5 anos, na favela Magé. As outras morreram em Acari, Manguinhos e Jacarezinho.

No ano passado, apenas na capital, 307 pessoas morreram – um quinto de todos os homicídios cometidos na cidade. Mas as autoridades locais, denuncia a Anistia Internacional, não julgaram os responsáveis e parecem “cada vez mais intolerantes em relação às manifestações, na maior parte do tempo pacíficas", ressalta o texto. “Inúmeras pessoas foram gravemente feridas por balas de borracha, granadas e armas de fogo”, declarou Átila Roque, diretor executivo da Anistia Internacional no Brasil.

“Sair atirando primeiro e perguntando depois”

Para a organização, os organizadores das Olímpiadas e as autoridades devem trabalhar para que as operações da polícia não violem os direitos humanos. “Esperamos que as forças policiais do Rio adotem uma postura preventiva, em vez de sair atirando primeiro e perguntando depois”. Os casos de recurso excessivo à força, denuncia o comunicado, se multiplicaram na cidade nos últimos anos e a maioria das vítimas são jovens negros de áreas marginalizadas.

Em 2014, ano da Copa do Mundo, a polícia matou 580 pessoas no estado do Rio – 40% a mais do que em 2013. Esse número cresceu ainda mais em 2015, passando para 645 mortos. “Mesmo não sendo possível estabelecer uma relação direta entre esse aumento e os preparativos dos Jogos Olímpicos, as estatísticas mostram claramente que o uso da força excessiva, a violência e a impunidade é sistemática em instituições encarregadas da segurança pública”, sublinha o texto.

Organização publicou relatório em 2015

Em agosto de 2015, a Anistia Internacional publicou um relatório intitulado “Você matou meu filho: homicídios cometidos pela polícia militar do Rio de Janeiro”, que expõe em detalhes as práticas policiais na favela do Acari depois da Copa de 2014.

A Anistia Internacional constatou que a maior parte dos homicídios cometidos pela polícia militar em 2014 foram execuções “extrajudiciárias”. “É preocupante que os homicídios cometidos pela polícia continuem sendo cotidianos no Rio e em outras cidades brasileiras. A resposta das autoridades continua sendo insuficiente e as favelas e outras áreas mais pobres continuam pagando caro."

 

 

 

 

 

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