“Tese do golpe” não reverte tendência de impeachment, diz analista ao Les Echos
O início do processo de impeachment no Senado brasileiro é destaque na imprensa francesa desta segunda-feira (25). O jornal econômico Les Echos, em reportagem do seu correspondente em São Paulo, reproduz o sentimento que paira no Congresso, de que o debate no Senado deverá andar pelo mesmo caminho do impeachment na Câmara: rumo ao afastamento da presidente Dilma Rousseff.
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O jornal francês entrevista o cientista político Cláudio Couto, da Fundação Getulio Vargas. Ele avalia que, a esta altura, é muito difícil uma mudança na orientação dos parlamentares. Couto também comenta as últimas tentativas da presidente Dilma Rousseff de combater o processo que pode levar a sua destituição.
Para ele, "a tese do golpe de Estado" pode eventualmente ter um impacto "na opinião pública internacional ou na maneira como a história será contada daqui a muito tempo, mas não tem condições de reverter a tendência atual", que é de afastamento de Dilma.
Les Echos destaca a fala da presidente em Nova York, na semana passada, quando disse que o processo de impeachment era injusto e ilegítimo. Também menciona o fato de Dilma ter evocado uma possível suspensão do país pelo Mercosul, em caso de ruptura democrática - algo que aconteceu ao Paraguai em 2012 quando da destituição de Fernando Lugo.
Les Echos relata que a militância de esquerda e estudantes seguem nas ruas e alertas para defender o mandato de Dilma e menciona a manifestação deste fim de semana, em frente à residência do vice-presidente Michel Temer, chamado de conspirador pelos manifestantes.
O jornal francês termina lembrando que a investigação sobre a corrupção na Petrobras prossegue na Justiça, em paralelo ao processo de impeachment. É a Suprema Corte, diz o Les Echos, que deverá avaliar o papel de Dilma Rousseff e de seu predecessor Lula na rede de corrupção que tomou conta da estatal de petróleo.
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