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Brasil/crise

Le Monde publica artigo de movimento contra o impeachment de Dilma

O Movimento Democrático do 18 de março (MD18), um coletivo que reúne franceses e brasileiros vivendo em Paris e é contra o impeachment da presidente Dilma, publicou um artigo neste sábado (16) no jornal Le Monde, para explicar seu posicionamento.

A presidente Dilma em Brasília
A presidente Dilma em Brasília REUTERS/Adriano Machado
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“As manifestações contra Dilma Rousseff são também a reação de uma classe média alta, que se opõe à política de redistribuição de renda." Esse é o título do texto assinado pelo movimento, que esclarece não ter membros filiados ao PT.

Para explicar a crise aos franceses, o artigo compara o processo de destituição a uma novela, com todos seus ingredientes: paixão, ódio, heróis e vilões. Os principais personagens nesse caso são o ex-presidente Lula e a presidente Dilma, os líderes dos esquemas de corrupção que assolam o país. Contra eles, no papel de herói que luta contra os todo-poderosos, está o juiz Sérgio Moro.

O pano de fundo da trama, explica o texto, é o escândalo da Petrobrás e a operação Lava Jato. A ação se desenrola no plano político, judiciário e midiático, mas também na rua, onde se enfrentam “o Brasil” e os aliados de Dilma e Lula, como descreve o jornal "O Globo", de acordo com o artigo.

O MD18 lembra que a rede Globo, assim como as revistas Veja e a Istoé, denunciam a corrupção – principalmente envolvendo o PT- e apoiam o processo de impeachment contra Dilma. “Se a ficção às vezes ajuda a descrever a realidade, ela pode ser perigosa se esconde as verdadeiras questões”, diz o texto. “Comecemos pela corrupção: ela é bem real e atinge a maioria dos partidos políticos brasileiros. Eduardo Cunha (PMDB), presidente da Câmara dos Deputados, que lançou o processo de destituição, está na mira da Justiça e é citado no Panama Papers.

"Manifestações não são o resultado da luta de um povo contra seus dirigentes corruptos"

O artigo também lembra que, dos 65 membros da comissão parlamentar encarregada de examinar o processo, 36 são ou foram objeto de inquéritos de corrupção. Para o MD18, as manifestações não são o resultado da luta de um povo contra seus dirigentes corruptos: são a reação de uma parcela da classe média mais alta e de membros da oposição, para quem a política de redistribuição de renda implantada por Lula e Dilma, que tirou 40 milhões de pessoas da miséria, revela o assistencialismo e a dilapidação dos recursos públicos. “Muitos também não aceitam, graças a uma política de cotas e bolsas de estudo, ver estudantes negros ou oriundos de classes mais populares chegarem à universidade”, frisa o artigo.

“Os que o Globo chama de 'aliados de Lula', defendem sobretudo a política de inclusão social implementada por Lula”, diz o texto. “Eles denunciam o processo de destituição, a parcialidade das mídias e do juiz Moro. É uma espécie de golpe de estado destinado a acabar com a esquerda no poder, questionar os avanços sociais, privatizar a Petrobrás e, para a direita, escapar dos inquéritos sobre corrupção."

 

 

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