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Imprensa europeia repercute aprovação do relatório pró-impeachment

A imprensa europeia repercutiu a votação do relatório da Comissão da Câmara que decidiu pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os jornais estimam que a aprovação representa uma nova derrota de Dilma Rousseff na tentativa de se manter no cargo.     

Jornais europeus Les Echos, The Guardian, Corriere della Sera e El País comentam resultado da Comissão do impeachment. 12/04/16.
Jornais europeus Les Echos, The Guardian, Corriere della Sera e El País comentam resultado da Comissão do impeachment. 12/04/16.
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A situação da presidente Dilma Rousseff é cada dia mais precária, afirma Agência France Presse (AFP) nesta terça-feira (12), ao comentar a aprovação do relatório pró-impeachment pela Comissão da Câmara dos Deputados.

A revista L'Express diz que a recomendação, já esperada, pela destituição da “impopular presidente brasileira” é preocupante. "O Brasil caminha para um golpe de Estado institucional?", questiona a publicação. O site do jornal Le Monde diz que todas as esperanças do governo se concentram na habilidade política do ex-presidente Lula que tenta convencer os indecisos a votar contra o impeachment.

“Pacote de motivos” para queda de Dilma

Para o jornal italiano Corriere della Sera, a chefe de Estado é acusada de ter violado a lei de responsabilidade, "o que não é tão raro assim para um governo". Mas, para o jornal, os verdadeiros motivos para destituir a presidente são uma crise econômica "que parece não ter saída", o escândalo Petrobras, que avança em direção ao coração do poder, as pressões das ruas e a dramática impopularidade da presidente.

Ao analisar o processo de impeachment, caso seja encaminhado ao Senado, Corriere della Sera afirma que as Olimpíadas podem acontecer em agosto com um "vazio de poder e no meio de uma guerra política" no país.

Ao citar a barreira erguida em Brasília para separar os partidários pró e contra Dilma durante a votação do impeachment no plenário da Câmara, o jornal italiano a compara com medidas usadas para evitar o encontro de duas torcidas de futebol. "O risco em relação ao enfrentamento dos dois campos é alto", diz o texto.

Ao se referir à corrupção, o diário italiano considera a acusação contra Dilma Rousseff "um pouco instrumentalizada" já que entre os 65 membros da Comissão que aprovou o impeachment, 37 são investigados. Tudo sob o comando de Eduardo Cunha, o presidente da Câmara que tem milhões de dólares na Suíça, conclui Corriere della Sera.

O espanhol El País diz que a aprovação da comissão de impeachment por "margem considerável", representa um passo a mais para o fim do mandato da presidente Dilma, mas ainda nada está definido. A votação aconteceu em um clima muito tenso, com os deputados em frenesi ao final da sessão.

A bola, cada vez maior e mais quente, está agora nas mãos do plenário da Câmara, diz o texto. Ao explicar o rito do processo até o Senado, El Pais estima que se for obrigada a se afastar do poder, Dilma, "cada vez mais mobilizada, não voltará".

O diário espanhol considera que o governo Dilma não conseguirá convencer os 173 deputados necessários para barrar o processo no plenário. "Lula negocia freneticamente com parlamentares indecisos prometendo cargos ou usando sua influência e seu peso político", afirma o artigo.

Segundo El País, cerca de 50 deputados ainda indecisos ou que se mostram indecisos, serão cruciais para o futuro do processo. Se eles aprovarem impeachment, Dilma dará um passo a mais rumo ao "abismo político".

Reviravoltas mais impressionantes que série de tevê

Para o britânico The Guardian, Dilma começou uma semana que pode culminar com uma derrota no Congresso. O jornal diz que os deputados da Comissão deram sinal verde ao impeachment depois de uma sessão confusa e caótica.

Para o jornal, os próximos seis dias serão de "uma disputa política que tem mais reviravoltas na história e drama político do que na série House of Cards".

Apesar da situação delicada, Dilma Rousseff, que ainda tem mais de dois anos de mandato pela frente, ainda não foi derrotada. Seus adversários ainda não têm garantias de conseguir os dois terços necessários no plenário, informa o diário.

The Guardian diz que o fator opinião pública será importante. O jornal lembra que muitos dos envolvidos no processo, como o presidente da Câmara Eduardo Cunha, também são alvos de investigações relacionadas à corrupção.

O diário observa que pesquisas mostram uma queda do apoio popular ao impeachment (61% atualmente contra 68% em março) e afirma que muitos brasileiros, mesmo contrários ao governo do PT, estão pouco confortáveis com a eventual destituição de uma presidente eleita baseada em "argumentos tão frágeis".

"Muro de Brasília"

Uma semana decisiva para Dilma Rousseff é o titulo da matéria do correspondente do jornal francês Les Echos em São Paulo. O texto foi escrito antes do resultado da votação da comissão que aprovou o relatório pró-impeachment, mas adianta que no final da semana haverá o voto crucial sobre a destituição da presidente brasileira na Câmara dos Deputados.

Os manifestantes pró e contra o impeachment já começaram a chegar a Brasília para pressionar o Congresso durante a votação, aponta o texto. E para separar os dois campos irreconciliáveis, foi construída uma barreira de 1 km de distância e dois metros de altura que já esta sendo chamada de "muro de Brasília".

O artigo explica todas as etapas do processo, o voto na comissão, na Câmara e no Senado, onde, segundo Les Echos, a oposição conta com a maioria necessária para a destituição de Dilma. A batalha decisiva acontece esta semana, quando a oposição precisa de dois terços dos votos pró-impeachment, isto é, um "desempenho extraordinário que ainda não é certo", garante o jornal.

 

 

 

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