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A Semana na Imprensa

Revista francesa destaca Moro, "o juiz que fez Lula chorar"

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Apesar de o terrorismo ser o principal assunto nesta semana, a crise política no Brasil não passa despercebida pelas revistas francesas. O semanário M, do jornal Le Monde, enumera os principais acontecimentos dos últimos dias. O primeiro destaque da revista é para Sérgio Moro, "o juiz que fez Lula chorar", escreve a correspondente do Le Monde no Brasil, Claire Gatinois.

A revista semanal do jornal Le Monde não poupa críticas ao juiz Sérgio Moro.
A revista semanal do jornal Le Monde não poupa críticas ao juiz Sérgio Moro. NELSON ALMEIDA / AFP
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"Messias ou traidor? Profissional ou fanfarrão? Corajoso ou oportunista?", questiona a jornalista, que resgata o percurso do magistrado à frente da operação Lava Jato.

"Um juiz do interior, na casa dos 40 anos, com expressão sóbria. Uma entidade, metódica e fria. Ídolo dos brasileiros exasperados pela impunidade das elites, esse homem tornou-se o principal inimigo de Luiz Inácio Lula da Silva", descreve Gatinois.

O juiz Sérgio Moro, nas páginas da revista M, do jornal Le Monde.
O juiz Sérgio Moro, nas páginas da revista M, do jornal Le Monde. Le Monde

A repórter relembra que nas manifestações do 13 de março, que pediam o impeachment da presidente Dilma Rousseff e a prisão de Lula, o juiz foi representado como o "Superman Super Moro", o justiceiro de um país à deriva. Uma semana mais tarde, no dia 18 de março, quando uma multidão saiu às ruas para apoiar Lula, Moro foi etiquetado como "Judas".

Desconhecido do público até começar a liderar a Lava Jato, o juiz viu sua notoriedade crescer nos últimos meses, escreve a correspondente. Mas os holofotes também atraíram críticas. Particularmente de parte dos simpatizantes do PT, que duvidam da imparcialidade de Moro e de sua tendência à "pirotecnia midiática", com vazamentos à imprensa de alguns elementos das investigações contra a corrupção a fim de atrair a simpatia da opinião pública, publica a revista semanal do Le Monde.

Dilma em baixa no Barômetro

Já na seção "Barômetro" da revista L'Obs, Dilma Rousseff é quem aparece mais em baixa nesta semana. Em uma pequena nota, a revista escreve que "contestada pelo povo, a presidente do Brasil está agora ameaçada por um procedimento de destituição na Câmara dos deputados. Ela agravou seu caso propondo a seu antecessor Lula entrar em seu governo a fim de obter imunidade nas investigações", publica.

Revistas francesas resgatam origens do extremismo islâmico

O principal assunto das revistas francesas nesta semana não poderia ser outro: os violentos atentados terroristas que atingiram a capital belga Bruxelas na terça-feira (22), deixando mais de 30 mortos e 200 feridos. As publicações trazem análises e entrevistas com especialistas, na tentativa de explicar o fenômeno do terrorismo, que tem a Europa como seu principal alvo nos últimos anos.

A revista Le Point se dedica a desvendar a longa história do jihadismo internacional. Em sua capa, a manchete é "Como tudo começou", estampada com os rostos dos principais radicais islâmicos do século, entre eles, os midiáticos Osama bin Laden, líder da Al-Qaeda morto em 2011, e Abu Bakr al-Baghdadi, chefe do grupo Estado Islâmico.

Capa da revista francesa Le Point desta semana.
Capa da revista francesa Le Point desta semana. lepoint.fr

Le Point explica que a origem do movimento radical islâmico começou com a fundação da organização Irmandade Muçulmana, em 1928, no Egito, por Hassan al-Banna, jovem provinciano, conservador, amante do salafismo. O aumento da popularidade da organização egípicia se dá principalmente na segunda metade dos anos 30, à sombra do fascismo e do comunismo. O objetivo do grupo, diz a revista, é a tomada do poder por via pacífica, respeitando a charia - a lei islâmica - e a islamização profunda da sociedade.

Da criação da ideologia radical islâmica, surgem os pensadores, como o egípcio Sayyid Qutb. E, logo depois, os líderes ativistas, como o aiatolá iraniano Khomeini, e sua ideia de revolução islâmica aplicada ao Irã. A nova geração de radicais, publica Le Point, é essencialmente formada por combatentes, como Bin Laden e al-Baghdadi, ambos com uma princicpal estratégia: atacar o mundo ocidental e empreender o terror, através de imensos ataques, como o 11 de setembro de 2001, contra o World Trade Center, em Nova York; de 11 de março de 2004, contra o metrô de Madrid; de 7 de julho de 2005, contra o transporte público de Londres; os de janeiro de 2015, contra o jornal Charlie Hebdo, e novembro de 2015 contra bares e restaurantes de Paris e a sala de shows Bataclan; e o mais recente atentado, contra o aeroporto e o metrô de Bruxelas, no último 22 de março.

Movimento radical islâmico vive sua fase mais perigosa

Para o especialista em jihadismo entrevistado pela revista, Bernard Rougier, a mais perigosa das evoluções do movimento radical islâmico é a que está sendo vivida neste momento. Com o grupo Estado Islâmico, o terrorismo mudou seus objetivos, promovendo uma ideologia híbrida nascida no Oriente Médio, mas enraizada agora na sociedade europeia.

O Velho Continente, diz Rougier, é o berço das principais células de ataque, integradas por jovens cidadãos europeus radicalizados, de origem árabe, muitas vezes sem nenhuma relação com a religião muçulmana, que buscam nada mais nada menos um propósito em suas vidas para "mostrar seu valor".

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