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Lula diz em depoimento à PF que investigação é "sacanagem homérica"

Em depoimento prestado à Polícia Federal no aeroporto de Congonhas, após ter sido alvo da 24ª fase da Operação Lava Jato, no dia 4 de março, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que optou por não comprar o apartamento no Guarujá, litoral de SP, por considerá-lo inadequado para viver com a família e afirmou que a investigação contra ele é uma "sacanagem homérica". As informações foram publicadas nesta segunda-feira (14) pelo jornal "Folha de S. Paulo".

Luiz Inácio Lula da Silva após depoimento à Polícia Federal
Luiz Inácio Lula da Silva após depoimento à Polícia Federal REUTERS/Paulo Whitaker
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Lula chamou o imóvel de 215 metros quadrados de triplex "Minha Casa Minha Vida", por ser pequeno e ter escadas demais. Segundo o petista, ele afirmou ao ex-presidente e sócio da OAS Léo Pinheiro (empreiteira que assumiu a conclusão da obra após a Bancoop falir) que não ficaria com o apartamento.

"Quando eu fui a primeira vez, eu disse ao Léo que o prédio era inadequado porque, além de ser pequeno, um triplex de 215 metros é um triplex 'Minha Casa, Minha Vida', era pequeno", disse Lula sobre o imóvel.

A Lava Jato apura se empreiteiras, entre elas a OAS, e o pecuarista José Carlos Bumlai favoreceram Lula por meio do apartamento e de um sítio em Atibaia (SP). O ex-­presidente nega as acusações.

Logo depois, afirmou, sobre o triplex: "Era muito pequeno, os quartos, era a escada muito, muito... Eu falei 'Léo, é inadequado, para um velho como eu, é inadequado.' O Léo falou: 'Eu vou tentar pensar um projeto pra cá'. Quando a Marisa voltou lá, não tinha sido feito nada ainda. Aí eu falei pra Marisa: 'Olhe, vou tomar a decisão de não fazer, eu não quero'".

Segundo Lula disse aos investigadores, ele concluiu que seria "inútil" ter um apartamento na praia, porque que só poderia frequentá-lo no dia de Finados, se estivesse chovendo. "Então eu tomei a decisão de não ficar com o apartamento", disse.

Lula demonstrou irritação com as perguntas sobre o apartamento

O ex-presidente demonstrou irritação com as perguntas sobre o apartamento e voltou a chamar a investigação sobre o imóvel de "leviandade". Ele citou o caso de uma das pessoas presas na fase "Triplo X" da Lava Jato, que apurou a ligação de empresas offshore com imóveis no mesmo edifício Solaris, no Guarujá, e que já foi solta.

"A empresária é solta rapidamente, nem chegou a esquentar o banco da cadeia, já foi solta porque não era dona do Solaris que dizem que é do Lula, ela é dona do Solaris que dizem que é do Roberto Marinho, lá em Paraty. E desapareceu do noticiário. E eu fico aqui que nem um babaca respondendo coisas de um procurador, que não deve estar de boa fé, quando pega a revista 'Veja' a pedido de um deputado do PSDB do Acre e faz uma denúncia. Então eu não posso me conformar. Como cidadão brasileiro, eu não posso me conformar com esse gesto de leviandade", disse Lula.

A referência de Lula é a um imóvel da família Marinho no litoral do Rio, que tem sido usado por militantes do PT como contraponto às supostas irregularidades nas reformas bancadas pela OAS no apartamento do Guarujá: "Se eu tivesse que comprar, eu teria que pagar a diferença, eu quero saber onde está o maldito crime".

"Uma sacanagem homérica"

Lula tachou a investigação da PF sobre o triplex como "uma sacanagem homérica" e criticou a imprensa por, segundo ele, atribuir-lhe a propriedade do imóvel.

"Eu acho que eu estou participando do caso mais complicado da história jurídica do Brasil, porque tenho um apartamento que não é meu, eu não paguei, estou querendo receber o dinheiro que eu paguei, um procurador disse que é meu, a revista "Veja" diz que é meu, a 'Folha' diz que é meu, a Polícia Federal inventa a história do triplex, que foi uma sacanagem homérica", disse o ex-presidente.

Sobre o sítio em Atibaia, Lula afirmou que o imóvel pertence a Fernando Bittar e Jonas Suassuna, "com registro em cartório em Atibaia, comprado com cheque administrativo, isso já foi publicizado, já foi provado".

"Eu, na verdade, quero falar pouco do sítio, porque eu não vou falar do que não é meu. Quando vocês entrevistarem os donos do sítio, eles falarão pelo sítio", disse.

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