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Brasil/Protestos

Apoio a Moro e à PF é destaque em protestos contra Dilma

Uma onda de protestos tomou conta do Brasil neste domingo (13). Os manifestantes pediam o impeachment da presidente Dilma Rousseff e o fim da corrupção, em meio a um clima de forte descontentamento social provocado pela recessão econômica e pelo megaescândalo da Petrobras, que envolve a elite política e empresarial do país. As manifestações ocorreram em todos os estados e em mais de 400 cidades. A estimativa é de que mais de um milhão de brasileiros tenham ido às ruas. No maior protesto anti-Dilma, em São Paulo, apoio ao juiz da Lava Jato Sergio Moro foi o maior destaque.

Manifestação contra a presidente Dilma em São Paulo, neste domingo 13 de março de 2016.
Manifestação contra a presidente Dilma em São Paulo, neste domingo 13 de março de 2016. REUTERS/Nacho Doce
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Fábio de Oliveira, correspondente da RFI em São Paulo

Se algum desavisado caminhasse no começo da tarde do domingo 13 na Avenida Paulista, no centro expandido de São Paulo, teria a impressão de estar num carnaval fora de época e não em um protesto político pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ambulantes vendiam pixulecos, o bonequinho do ex-presidente Lula vestido de presidiário, cerveja e até catuaba, uma das bebidas mais pedidas do último carnaval.

Tudo isso em meio ao barulho produzido por helicópteros que sobrevoavam a região e, no asfalto, apitos, vuvuzelas, além das marchinhas e discursos que vinham dos trios elétricos de movimentos como o Revoltados Online, Vem pra Rua e Brasil Livre, alguns dos organizadores oficiais da manifestação. No Bloco Fora Dilma, por exemplo, havia batucada e abadá.

Trio elétrico da Polícia Federal

À parte o ar de micareta, o que chamou a atenção no primeiro protesto contra o governo federal neste ano, realizado logo após o pedido de prisão preventiva contra o ex-presidente Lula pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, foi o uso dos trios elétricos por integrantes da Polícia Federal.

Delegados pediam apoio aos presentes à proposta de emenda constitucional, a PEC 412, que visa tornar a PF autônoma. Hoje, a instituição está subordinada ao Ministério da Justiça. “Não é fácil a Polícia Federal ser o órgão mais admirado pelo povo. Se muda o ministro da Justiça, muda-se a cúpula da PF em Brasília e Curitiba”, disse a delegada Tânia Prado no trio do movimento #nasruas. A capital paraense é a sede da Operação Lava Jato, que investiga a corrupção na Petrobrás. “Com a PEC, impediremos que PF seja massacrada.” Houve pedidos de salvas de palmas à atuação da PF

O juiz federal Sérgio Moro, da força tarefa da Lava Jato, foi outra figura incensada pela multidão com camisetas verde-amarelo, muitas da Confederação Brasileira de Futebol, que também está envolvida em denúncias de corrupção. Era incontável o número de cartazes que traziam a figura do magistrado como o herói do momento.

Dilma, Lula e o Partido dos Trabalhadores eram os alvos principais dos manifestantes que, vira e mexe, entoavam “fora, PT”. Um ou outro discurso desferia críticas ao PMDB, até o momento o principal aliado do PT na coalizão governista.

Protesto contou com presença de políticos

Perto da alameda Pamplona, uma das travessas da Paulista, ficou estacionado o carro do Movimento Vem pra Rua. Uma dos destaque foi o advogado e jurista Hélio Bicudo, um dos formuladores do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

“Agora é com vocês. Não se preocupem: haverá vida depois do PT. O Brasil é maior do que o PT”, disse o ex-petista, que teria se distanciado do partido por, entre outras coisas, não ter sido nomeado para representar o Brasil em organismos internacionais.

O protesto, até então apartidário, também contou com a presença do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB, um dos prováveis presidenciáveis em 2018, e do senador Aécio Neves. Os dois políticos foram vaiados quando chegaram na Paulista e chamados de "corruptos". 

Às 16h, o instituto de pesquisas Datafolha estimava que havia 450 mil pessoas na Paulista, tornado o protesto de domingo o maior da capital nos últimos anos. O recorde antes era do das Diretas Já, nos anos 1980, que computou 400 mil presentes.

A médica Priscila Rodrigues, 32 anos, participou pela primeira vez do movimento contra o governo federal. “Antes eu não botava fé de que ia mudar alguma coisa”, disse ela. Agora, segundo Rodrigues, já se está falando claramente no impeachment de Dilma.

Já fisioterapeuta Vanessa Teixeira, 36 anos, participou de todos os protestos. Eleitora do PSDB, ela acredita que o “Brasil não aguenta mais viver com tanta corrupção”. Para Maria Helena Oliveira, supervisora de ensino de 55 anos, o país está desgovernado. “Precisamos ter uma liderança forte que consiga unir a população e fortalecer nossas instituições.”

O empreendedor Augusto Baptista, de 35 anos, estreou no asfalto da Paulista. “É uma vontade de querer mudança, de trazer pessoas com ideias novas, criativas e progressistas”, afirmou.
 

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