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Brasil

Instituto Lula recebeu R$ 30 milhões de empreiteiras da Lava Jato, diz MPF

Em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (4) em Curitiba, o procurador da República Carlos Fernando Lima informou que 60% das doações feitas ao Instituto Lula e 47% dos pagamentos da LILS Palestras foram realizados pelas maiores empreiteiras envolvidas no escândalo da Lava Jato.

Foto de arquivo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Foto de arquivo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ricardo Moraes/Reuters
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"Ambas entidades receberam recursos expressivos de 2011 até 2014 vindas de grandes empresas e empreiteiras, pagando palestras e doando recursos", disse Carlos Fernando Lima.

As empresas são: Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez e UTC. "É o núcleo duro do cartel que delapidou o patrimônio de Petrobras", afirmou o procurador.

Questionado por um jornalista, o procurador reconheceu que Lula pode ser o líder do esquema de corrupção. "Não há até o momento nenhuma conclusão", apenas suspeitas, frisou.

O procurador declarou que a Lava Jato investiga uma organização criminosa no governo federal que se servia da Petrobras para financiamento político. "Essa organização possui um comando. O ex-ministro José Dirceu fazia parte desse comando. Ele está preso, mas a organização criminosa continuou existindo. Estamos analisando evidências de que o ex-presidente e sua família receberam vantagens."

Perguntado sobre quais seriam essas vantagens, Carlos Fernando de Lima respondeu: "Os favores são muitos e difíceis de quantificar. É mais fácil quantificar as obras no triplex e as obras no sítio", em referência às duas propriedades que o Ministério Público suspeita que foram pagas por construtoras em benefício de Lula, acrescentou.

Cautela sobre prisão e envolvimento direto de Lula

Carlos Fernando de Lima também indicou que Lula pode ser o maior beneficiário do esquema de corrupção, mas diz que ainda não pode confirmar o envolvimento direto do ex-presidente.

Sobre uma possível prisão do ex-presidente, o procurador declarou: "As investigações não são conclusivas para pedir a prisão de Luiz Inácio". O mesmo serve para a esposa de Lula, Marisa.

Carlos Fernando de Lima ressaltou, diversas vezes, que as investigações ainda não foram finalizadas e as suspeitas serão confirmadas apenas depois que as operações forem encerradas. "Esse é o momento de sermos republicanos. Não há ninguém isento no país. (...) Lula não tem foro privilegiado", reiterou, destacando que o Ministério Público Federal e a Polícia Federal "não têm nenhuma motivação política".

Ação da polícia é "arbitrária, ilegal e injustificável", diz Instituto Lula

A operação de busca na casa de Lula e sua transferência à polícia para depor no âmbito do escândalo de corrupção na Petrobras são "uma agressão ao Estado de Direito", declarou o Instituto Lula por meio de um comunicado.

"A violência praticada hoje contra o ex-presidente Lula e sua família e contra o Instituto Lula é uma agressão ao Estado de Direito que afeta toda a sociedade brasileira", diz o documento. A ação da polícia "é arbitrária, ilegal e injustificável, além de constituir grave afronta ao Supremo Tribunal Federal".
 

24ª fase da Operação Lava Jato

A operação Lava Jato, que começou em março de 2014 e investiga um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, chegou à 24ª fase hoje com buscas na casa de Lula, em São Bernardo do Campo, e em outros pontos em São Paulo, no Rio de Janeiro e na Bahia. 

O ex-presidente é alvo de um dos mandados de condução coercitiva e foi levado para prestar depoimento, segundo a Polícia Federal. Já o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, é visado por um mandado de condução.

A PF também cumpre mandados de busca e apreensão na casa e empresa do filho de Lula e no sítio que era constantemente frequentado pelo líder petista, em Atibaia (SP).

Ao todo, foram expedidos 44 mandados judiciais, sendo 33 de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva - quando a pessoa é intimada para prestar depoimento. Duzentos policiais federais e 30 auditores da Receita Federal participam da ação, que foi batizada de Aletheia. O termo é uma referência a uma expressão grega que significa “busca da verdade”.

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