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Brasil:Zika/Epidemia

Zika provoca onda de boatos e histeria no Brasil, escreve Le Monde

O jornal Le Monde volta a publicar uma grande matéria sobre a epidemia do vírus zika que atinge a América Latina, e principalmente o Brasil. O artigo, disponível no site do diário na noite de segunda-feira (15), diz que as incertezas sobre as consequências da contaminação deixaram o caminho aberto para rumores, suspeitas e medo. Desde a descoberta do vírus no Brasil, na primavera de 2015, e a suposta relação do zika com a multiplicação de casos de microcefalia no país, uma parte da comunidade científica questiona os resultados apontados até agora.

Mostra do Mosquitos Aedes aegypti no laboratório Oxitec em Campinas, Brasil, 02 de fevereiro de 2016.
Mostra do Mosquitos Aedes aegypti no laboratório Oxitec em Campinas, Brasil, 02 de fevereiro de 2016. REUTERS/Paulo Whitaker
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A correspondente do Le Monde em São Paulo, Claire Gatinois, aproveita a última polêmica envolvendo a responsabilidade do larvicida Pyriproxyfen na má-formação cerebral detectada em bebês para dizer que as teorias alternativas são também encorajadas pela desconfiança em relação às estatísticas brasileiras, ainda aproximativas, sobre os casos de microcefalia. O jornal diz que a hipótese do larvicida foi levantada pelo mesmo pediatra argentino, Ávila Vázquez, que já havia apontado um lote defeituoso de vacinas contra a rubéola, distribuído no nordeste do Brasil, como eventual culpado pela epidemia.

"Terrorismo puro", diz Artur Timerman, diretor da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses, citado pelo artigo. Ele denuncia uma "espécie de histeria sobre essa nova doença, cujas causas ainda são desconhecidas." "Besteiras", completa o professor e biólogo da USP, Paolo Zanotto. Os dois pesquisadores estão irritados com esses boatos baseados em hipóteses infundadas.

Casos de microcefalia em regiões onde o larvicida não foi usado

Vários casos de microcefalia foram detectados em regiões do país onde o larvicida incriminado no relatório coordenado pelo pediatra argentino, especializado em neonatalogia, não foi utilizado. O artigo cita principalmente o caso de Recife, capital do estado que registra a maior incidência da doença.

O Brasil continua privilegiando a hipótese de que a infecção viral intrauterina seja a responsável pela má-formação dos cérebros dos recém-nascidos. O ministério da Saúde brasileiro tenta encerrar o debate ao afirmar que "não existe nenhum estudo epidemiológico que demonstre a associação entre o Pyriproxyfen e a microcefalia. O ministério da Saúde usa unicamente larvicidas recomendados pela OMS."

De qualquer maneira, muitas dúvidas existem, e a Organização Mundial de Saúde (OMS) deve dar em breve uma primeira resposta clara provando, ou não, a ligação entre o vírus e a microcefalia que se tornou um grave problema de saúde pública no Brasil.

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