BHP passa por dificuldades financeiras após desastre em Mariana
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"Um ano dos infernos", é assim que a imprensa australiana descreve o 2015 da mineradora anglo-australiana BHP Billiton depois do desastre de Mariana (MG). A gigante, que é uma das donas da Samarco, junto com a brasileira Vale, anunciou que vive seu pior momento em 130 anos de história. Alguns jornalistas compararam o incidente ao vazamento de óleo no Golfo do México em 2010.
Luciana Fraguas, correspondente da RFI Melbourne
As ações da mineradora sofreram quedas expressivas depois do anúncio pelo governo brasileiro, de que terá de pagar, junto com a Vale, cerca de R$ 20 bilhões em compensações pelo desastre envolvendo o rompimento da barragem da Samarco.
A BHP e a Vale são sócias na empresa Samarco, com 50% cada. Logo após a tragédia, as ações da australiana BHP caíram 3,6% na Bolsa de Sydney, para 18,09 dólares australianos, na cotação mais baixa em dez anos. Na Bolsa de Londres, a ação despencou 6,5%, para £ 755, o menor patamar desde novembro de 2008.
Somado a isso, o fortalecimento do dólar australiano, a queda nos preços do minério de ferro e o desaquecimento da economia chinesa, fecharam esse que foi um dos piores anos da mineradora australiana.
Bloqueio de bens
O governo brasileiro anunciou o bloqueio dos bens da Vale e da BHP Billiton por causa do rompimento das barragens.
As consequências para a BHP devem ser menores do que para a Vale, já que a anglo-australiana não tem nenhum ativo no Brasil além da Samarco, cujas operações já estão suspensas devido ao desastre.
Ainda assim, a empresa disse que a Samarco contribui com 3% da geração de lucros de todo o grupo. A BHP produz cerca de 16 milhões de toneladas de minério de ferro anualmente pelas operações da Samarco, o que corresponde a cerca de 5% da produção total da mineradora anglo-australiana.
Mas o futuro não parece ser promissor. Se os preços das commodities dos recursos minerais continuarem caindo, somado ao desaquecimento da economia global e ao ressarcimento das famílias das vítimas no Brasil e, sem falar nos prejuízos aos meio ambiente, a empresa pode ter um 2016 ainda pior do que ano que passou.
Postura da empresa em relação ao desastre
A empresa tem prometido ser o mais transparente possível. O noticiário desta segunda-feira (28) diz que os responsáveis apresentarão os resultados das investigações - principalmente dos testes sobre a qualidade da água do Rio Doce - a todos os parceiros e investidores da empresa e ao público em geral.
A BHP insiste que as amostras e análises adicionais sobre a qualidade da água do Rio Doce mostram que o rejeitos não são tóxicos. A empresa cita um relatório preparado pela Agência Nacional de Aguas e pelo Serviço Geológico do Brasil. O documento informa que a lama não é tóxica de acordo com os padrões de potabilidade definidos pelo Ministério da Saúde do Brasil. A empresa acredita que após a limpeza e tratamento do rio, a água poderá ser consumida pela população.
A BHP Billiton nomeou também Flávio Bulcão como Diretor Nacional no Brasil, efetivo imediatamente. Bulcão representará a equipe da BHP Billiton no Brasil, juntando-se à equipe do projeto de apoio com base em Belo Horizonte.
Cobertura da mídia australiana
A imprensa da Austrália tem acompanhado o assunto com interesse e dado boletins regulares sobre a postura do governo brasileiro, a posição da BHP Billiton. Os jornais, televisões e rádios destacam, principalmente, a morte das 17 pessoas e o prejuízo desproprocional ao meio ambiente.
Os australianos são extremamente bem informados sobre a questão. Quase todos os meses há protestos nas ruas de Melbourne para que o governo implemente uma política ambiental sustentável. Um desastre dessa proporção causou grande comoção local e a maioria dos australianos condena a postura da empresa e acredita que houve um prejuízo irreparável aos rios, fauna e flora brasileiros.
A comunidade brasileira que vive na Australia também se manisfestou e chegou a organizar protestos em frente a sede da BHP Billiton aqui em Melbourne. Mais protestos serão organizados em 2016 a medida que cresce o descontentamento com a BHP BIlliton na Austrália.
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