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Dívida/S&P

Rebaixamento da nota da dívida do Brasil deve piorar recessão, dizem analistas

O corte do grau de investimento do Brasil determinado nesta quarta-feira (10) pela agência de avaliação de risco Standard & Poor's (S&P) já era esperado pelos mercados, avaliam especialistas ouvidos pela RFI na Europa. Mais do que um movimento brusco de capitais, analistas temem as consequências internas desse rebaixamento, como o aumento das taxas de juros, com aprofundamento da recessão, além da intensificação das pressões para o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

A agência de classificação de risco Standard & Poor's retirou o selo de bom pagador do Brasil nesta quarta-feira, ao cortar o rating do país para "BB+" ante "BBB-".
A agência de classificação de risco Standard & Poor's retirou o selo de bom pagador do Brasil nesta quarta-feira, ao cortar o rating do país para "BB+" ante "BBB-". REUTERS/Brendan McDermid
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A S&P rebaixou a nota da dívida soberana brasileira à categoria de especulativa, isto é, sujeita a calote. No ranking da agência americana, o país passa do grau "BBB-" para "BB+", acompanhado de perspectiva negativa. Ou seja, a situação econômica do país ainda pode piorar.

Wilber Colmerauer, diretor da EM Funding, empresa baseada em Londres, especialista na área de investimentos em países emergentes, disse à RFI que o mercado vinha antecipando há três semanas esse corte, desde que começaram os problemas na China.

Colmerauer lembra que, legalmente, outras duas agências, a Moody's e a Fitch, mantêm o grau de investimento no Brasil, "não devendo haver venda forçada de papéis". O analista explica que seria mais grave se as três agências decidissem rebaixar a nota do país, "porque alguns fundos de pensão nos Estados Unidos e na Europa só podem manter em suas carteiras títulos com grau de investimento". Portanto, por enquanto o Brasil escapa do pior.

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02:26

Análise

Para Colmerauer, o que está prejudicando o Brasil é a indefinição política e econômica. O país não inspira confiança nos investidores e existe, segundo ele, "uma inabilidade do governo em conseguir reverter essa situação". "As forças políticas estão mais preocupadas com problemas de Justiça, enquanto a economia foi para segundo plano", lamenta.

O economista Jaime Marques Pereira, professor da Universidade de Picardie, no leste da França, não acredita que a retirada do grau de investimento do Brasil terá impacto imediato nas correntes de capitais que sustentam as contas externas brasileiras. A maior repercussão será interna, avalia.

"Será mais um argumento para aumentar a taxa de juros, o que pode agravar a recessão econômica no país", afirma Pereira. "Com juros mais altos, a médio prazo o custo da dívida ficará maior e o Brasil entrará numa turbulência, não tão grave quanto a que atingiu os países do sul da Europa, mas da mesma ordem", diz.

O economista observa que desde a crise financeira de 2008, as notas dos títulos caíram em nível mundial, seja de empresas ou de dívidas soberanas. "Os mercados ficam cada vez mais autônomos em relação a essas notas, como acontece atualmente na Europa", conclui.

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