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Brasil/Mensalão

Foragido na Itália, Henrique Pizzolato é procurado pela Interpol

A figura do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato já está no site da Interpol, organismo internacional de cooperação policial sediado em Lyon, na França. Pizzolato, que tem cidadania italiana, teria fugido do Brasil pelo Paraguai e estaria na Itália há cerca de 40 dias.

Captura do site da Interpol que divulga foto do Ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato
Captura do site da Interpol que divulga foto do Ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato Reprodução
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Seu sumiço foi constatado na semana passada, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) pediu a prisão imediata de 12 condenados pelo esquema de compra de votos de parlamentares que ficou conhecido como Mensalão.

Pizzolato, condenado a 12 anos e sete meses em regime fechado por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro, foi o único réu que não se apresentou à polícia. De acordo com a acusação, ele teria autorizado repasses do Banco do Brasil a empresas do publicitário Marcos Valério, operador do esquema.

Em carta endereçada a seu advogado, Mathius Sávio Cavalcante Lobato, o ex-executivo disse exercer seu "legítimo direito de liberdade para ter um novo julgamento na Itália. A carta foi entregue à Polícia Federal pelo próprio Lobato e dizia, além dos motivos da fuga, que ele detinha uma série de documentos que comprovam sua inocência.

Ainda não se sabe exatamente como Pizzolato conseguiu embarcar para a Itália, já que seu passaporte foi confiscado junto com o dos demais réus do processo, assim que saiu a condenação. A embaixada italiana em Assunção negou que tenha expedido novo passaporte ao ex-diretor do Banco do Brasil.

Imbróglio diplomático
Desde 1989, o Brasil tem um acordo de não-extradição com a Itália, que estipula que nenhum dos dois países é obrigado a extraditar um de seus cidadãos por crimes cometidos no exterior. Uma situação muito similar à de Pizzolato aconteceu com o banqueiro Salvatore Cacciola que, condenado por crimes contra o sistema financeiro no Brasil, fugiu para Roma, onde viveu durante sete anos. Em uma viagem de lazer com a namorada a Mônaco, ele foi preso e extraditado para o Brasil.

O caso causou desconforto entre os dois países, já que a Itália recusou seguidamente a extradição, alegando que não deporta nacionais italianos. Em 2010, outro pedido de extradição opôs Roma e Brasília: no último dia de seu segundo mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recusou-se a deportar o italiano Cesare Battisti, ex-membro do grupo comunista italiano Proletários Armados pelo Comunismo e procurado por terorismo e múltiplos homicídios na Itália.

Ainda que o caso de Battisti seja diferente, por ele ser um italiano no Brasil, o histórico de casos deste tipo mostra que dificilmente Roma deportará Henrique Pizzolato. Também é pouco provável que os italianos decidam julgá-lo, já que ele não é acusado de nenhuma infração em solo italiano. Se Pizzolato não tiver a soberba de Cacciola, o cenário mais crível é que ele permaneça na Itália até a prescrição de sua pena e volte para o Brasil inocentado.

 

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