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Brasil/Protestos

PM não sabe lidar com protestos, diz Repórteres sem Fronteiras

A ong francesa Repórteres Sem Fronteiras condena, em Paris, a violência da Polícia Militar contra jornalistas nos protestos contra o aumento das passagens de ônibus em São Paulo, no Rio de Janeiro e outras cidades brasileiras. Nos protestos de ontem, 2 jornalistas foram atingidos no rosto por balas de borracha.

Manifestantes se ajoelham em frente a cavalaria na rua da Consolação em São Paulo.
Manifestantes se ajoelham em frente a cavalaria na rua da Consolação em São Paulo. @AnonsBrazil/via twitter
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A violenta repressão aos protestos contra a alta do preço da passagem de ônibus em São Paulo é a prova de que as autoridades policiais brasileiras ainda não sabem lidar com protestos populares. A declaração é de Benoît Hervieu, responsável do Departamento Américas da organização Repórteres sem Fronteiras.“Infelizmente os métodos da ROTA, da polícia militar de São Paulo, não evoluíram muito desde a época da ditadura militar. Acho que existe realmente um problema de formação da polícia militar brasileira que foi criada para ações de repressão política, mas que não tem a preparação adequada num contexto de umprotesto social democrático”, disse Hervieu à RFI.

A entidade também fez um paralelo entre os protestos nas ruas de São Paulo e as manifestações contra o premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, que atingiram a Turquia nas últimas semanas. “Os acontecimentos em São Paulo, mas também em outras cidades do Brasil, aconteceram depois de movimentos na Turquia. [Nos dois casos]  parece que, muitas vezes, se criminaliza os movimentos sociais e os jornalistas que cobrem esses movimentos”.

O quarto dia de protesto contra o aumento das passagens foi marcado por forte violência contra os manifestantes e também contra jornalistas. O jornal 'Folha de S.Paulo' informou que teve 7 repórteres atingidos no protesto. Entre eles, Giuliana Vallone e Fábio Braga, que foram atingidos por tiros de bala de borracha no rosto. Um cinegrafista foi atingido com spray de pimenta no rosto por um policial. Um jornalista da revista 'Carta Capital' e um fotógrafo do portal 'Terra' foram detidos.

O jornalista Pedro Ribeiro Nogueira, do Portal Aprendiz , também foi preso nos protestos em São Paulo e acusado de “formação de quadrilha” e “dano qualificado”. “Exigimos a libertação imediata de Pedro Ribeiro Nogueira, detido por motivos aberrantes. (...) Os jornalistas não podem ser assimilados aos manifestantes. Por conseguinte, as forças da ordem devem comprometer-se a respeitar a neutralidade e integridade dos profissionais da informação”, diz trecho de comunicado da Repórteres sem Fronteiras.

 Em declarações à imprensa brasileira, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, lamentou a brutalidade dos confrontos entre manifestantes e policiais: "Na terça, a imagem que ficou foi da violência dos manifestantes. Hoje [ontem], infelizmente, não resta dúvida, a imagem que ficou e da violência policial", declarou Haddad.

Para a Repórteres sem Fronteiras, a violência da polícia contra a população e, sobretudo contra jornalistas, não deve melhorar a situação do Brasil. Neste ano, o país é apontado como o mais violento do continente americano para o trabalho de jornalistas. Desde janeiro deste ano, quatro jornalistas assassinados por causa do exercício da profissão.
 

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