Shoppings limitam crescimento do setor do luxo no Brasil, afirma revista do jornal Le Monde

Segundo a revista semanal do jornal Le Monde, o mercado de luxo no Brasil é prejudicado pela cultura de shopping centers, que praticamente monopolizam essa parcela do consumo. Para a publicação, essa tendência isola as marcas do público em geral. Na Europa e nos Estados Unidos, as lojas mais luxuosas ficam em ruas abertas, como a Rodeo Drive, em Beverly Hills, ou a Champs-Elysées, em Paris, e atraem milhões de turistas todos os anos. No Brasil, elas ficam restritas aos consumidores locais.

Shopping Iguatemi, em São Paulo. Flickr/CoelhoVoador.net

Outro gargalo seria o tamanho dos espaços disponíveis, limitados nos centros comerciais. Marcas que possuem megastores pelo mundo querem investir no Brasil, mas encontram dificuldades para se instalar. Le Monde cita o exemplo da loja de roupas japonesa Uniqlo, que tenta há meses, sem sucesso, encontrar um espaço de 5 000 metros quadrados em São Paulo.

Jornal critica "maus hábitos" paulistanos

A razão por essa preferência seriam os problemas de segurança e infraestrutura no país. Além dos "maus hábitos" dos paulistanos, responsáveis por 70% dessa fatia de mercado no Brasil. Ironizando o fato de que os moradores da capital paulista "não hesitam em pegar o carro para andar 100 metros", a publicação afirma que os shoppings, por terem estacionamento, mostram-se muito mais atraentes. Outro trunfo dos shoppings diante das marcas internacionais é a ajuda oferecida para lidar com a sufocante burocracia brasileira.

A concentração de lojas em shoppings, um espaço de manutenção muito cara, somada à carga tributária para importação de produtos resulta numa discrepância entre os preços praticados no Brasil e no exterior. Produtos de luxo podem custar até 50% mais caro que na Europa.

Com a realização da Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, a expectativa é a de que o mercado de luxo se desenvolva em outros pólos, principalmente Rio e Brasília, que possuem uma população de alto poder aquisitivo.

Com a colaboração de Gustavo Ribeiro.