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Brasil/ crack

Ao contrário de São Paulo, Europa prefere atrair usuários de crack ao tratamento

A internação forçada de usuários de crack em São Paulo provoca polêmica no Brasil e está longe de ser consenso entre especialistas. A medida, concebida através de uma cooperação entre o governo do Estado de São Paulo, o Tribunal de Justiça, o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil, passou a vigorar nesta segunda-feira, e visa a obrigar viciados em crack em situação de risco a serem internados para tratamento, mesmo sem o próprio consentimento ou da família.

Usuários de crack perambulam pelas ruas do Rio de Janeiro.
Usuários de crack perambulam pelas ruas do Rio de Janeiro. REUTERS/Osvaldo Praddo
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Na Europa, a visão é um pouco diferente. O problema do crack representa apenas 15% das internações no continente, mas os europeus já tiveram um longo combate contra a heroína nas décadas passadas. Essa luta está sendo vencida graças ao trabalho de assistência social, conforme Alessandro Pirona, analista científico da Unidade de Saúde e Respostas Sociais do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência.

"A resposta que nós encontramos não foi uma resposta forçada, mas sim de saúde pública. Conseguimos isso através da redução dos riscos, e atraindo os usuários para os centros de tratamento", afirmou Pirona, em entrevista à RFI. "Tem a iniciativa da abertura de salas para o consumo, como na Holanda e na Alemanha. Soluções como estas atraem os consumidores, e lá nós podemos ajudá-los, apoiá-los, através do diálogo. Quando eles estiverem pronto, eles vão para o centro de tratamento."

Na Europa, não existe uma medida semelhante à brasileira para usuários de drogas. O que pode ocorrer é, no caso de o viciado cometer um crime, ele ter a escolha entre a internação ou a prisão. "Se há um delito criminal sem gravidade, o que acontece é que o dependente químico tem a escolha de ir para a prisão ou para o tratamento. É o que nós chamamos de internação quase forçada, quase obrigatória", explicou.

Conforme o observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, os países que mais têm usuários de crack na Europa são a Grã-Bretanha, a Irlanda, a Alemanha e a França.

 

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