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Brasil/Indígena

Selo para guaraná de tribo amazônica é vitória contra agrobusiness

A atribuição do selo Denominação de Origem ao guaraná produzido e exportado pela tribo Sateré-Mawé da Amazônia é uma vitória dos indígenas sobre a indústria agroalimentícia, avalia o jornal francês La Croix em sua edição desta quarta-feira. O selo garante o reconhecimento da origem geográfica do produto e de um “know how” tradicional da tribo que produz o guaraná de maneira artesanal a partir de plantas retiradas da floresta. 

Flickr/Bruno Roots
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Segundo o La Croix, a planta warana, popularmente conhecida no Brasil como guaraná, vai se tornar um símbolo da vitória dos índios Sateré-Mawé sobre o agrobusiness assim que o governo brasileiro atribuir o selo Denominação de Origem ao produto feito pela tribo a partir de técnicas ancestrais.

O guaraná, apreciado pelos seus efeitos energizantes, é conhecido por conter a mais alta taxa de cafeína no mundo e é muito popular como refrigerante, escreve o jornal.

Só dois produtos receberam no Brasil a mesma distinção, lembra o La Croix: o arroz e o camarão. A tribo Sateré-Mawé vai se tornar a primeira tribo indígena a receber o selo, uma decisão muito simbólica já que vai representar um reconhecimento por parte do governo brasileiro do papel desta comunidade na conservação do patrimônio genético da planta.

Em entrevista ao jornal, um profesor de sociologia afirma que trata-se também de uma vitória contra o agribusiness já que o modelo da tribo é de uma agricultura baseada na produção local, autônoma e de qualidade.

O território da tribo será também protegido do apetite das multinacionais, informa o La Croix, lembrando que no Brasil o guaraná é sobretudo um produto típico da agroindústria.

O jornal informa que o guaraná se desenvolveu a partir dos anos 30 quando os grandes produtores se interessaram pelas virtudes energéticas ao mesmo tempo em que o governo buscava a criação de uma bebida tipicamente nacional.

Se o guaraná começou com os Sateré-Mawé, hoje 70% da produção está concentrada nos estados da Bahia e Mato Grosso e é uma multinacional, a Ambev, que domina o mercado.

Mantendo seu modo de fabricação artesanal, ou seja, recolhendo as plantas e selecionando-as à mão e cozinhando durante seis dias em um forno de argila, a tribo manteve sua tradição ancestral, hoje valorizada e reconhecida.

Em entrevista ao jornal, a diretora da empresa que importa o produto para a França e a Itália afirma que a tribo manteve sua autonomia e decidiu traçar seu próprio destino ao direcionar a comercialização de seu produto para a Europa.

As seis toneladas de warana vendidas para os europeus rendem por ano cerca mais de 740 mil reais à comunidade, o que tem favorecido o desenvolvimento da tribo que tem atualmente 11 mil habitantes, contra 6 mil em 1990.

Segundo o jornal francês, o mito de que o “warana” salvará a tribo Sateré-Waré, pelo menos em parte, está sendo confirmado.

 

 

 

 

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