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Deputada baiana Olívia Santana lança “Mulher Preta na Política” em Paris

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A deputada estadual da Bahia, Olívia Santana, do PCdoB, veio a Paris participar do lançamento de seu livro “Mulher Preta na Política” (Editora Malê, 2023). O evento reuniu na Fundação Jean-Jaurès mulheres e ativistas da França interessados no “empoderamento das mulheres, articulando a luta antirracista com a luta feminista e a luta contra as desigualdades de classe social”, conta Olívia Santana.

Deputada estadual da Bahia, Olívia Santana, autora do livro “Mulher Preta na Política”
Deputada estadual da Bahia, Olívia Santana, autora do livro “Mulher Preta na Política” © Adriana Brandão/ RFI
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Olivia Santana é uma ativista antirracista e feminista. Ela começou atuando no movimento estudantil, quando estudava Pedagogia da Universidade Federal da Bahia. Depois foi eleita duas vezes vereadora de Salvador pelo PCdoB e agora está em seu segundo mandato como deputada estadual, tendo sido a primeira deputada preta eleita da Assembleia da Bahia.

O lançamento em Paris de “Mulher Preta na Política" foi organizado pela associação francesa Mulheres na Resistência. O livro, ainda sem tradução para o francês, é um relato pessoal. Na obra, Olivia Santana compartilha mais de 35 anos de sua trajetória nas lutas sociais e na política e faz um convite à participação negra e feminina nos espaços de decisão. “O livro é uma proposta de inspiração, de encorajamento, porque apesar de todos os obstáculos, nós, mulheres negras e todas as mulheres, não podemos recuar”, ressalta a deputada. 

A mensagem política antirracista, feminista e de empoderamento das mulheres se faz necessária “na França ou onde quer que estejamos”, acredita a deputada e escritora baiana. A pauta é global. “Este tema é uma realidade que eu vivo, que a gente vive no Brasil. Mas mesmo mulheres negras que vieram para cá (França) também enfrentam situação de discriminação racial. E nós temos que preparar também a escola, o país, os espaços de comunicação, os espaços políticos para receber essa diversidade étnico-racial”, diz.

Racismo, feminicídio e intolerância religiosa no Brasil

A participação feminina e negra, ainda incipiente, vem aumentando nos espaços de poder no Brasil. Ao mesmo tempo, principalmente nos últimos anos, “desde a derrubada da única mulher que chegou à presidência da República no Brasil”, a violência contra as mulheres e racista vem aumentado muito, com recorde de feminicídios e de intolerância religiosa.

“Foram 6 anos de desconstrução, 6 anos em que a extrema direita pregou o racismo como bandeira política, pregou o sexismo, a misoginia. Nós tínhamos um presidente misógino, o presidente Jair Bolsonaro. Tudo o que era absurdo no Brasil, passou a ser naturalizado por metade da população”, lembra Olívia Santana. Segundo ela, esse “caldo ideológico, encorajou mais ainda a intolerância, os feminicídios e a violência contra mulheres e negros”.

A deputada avalia que, apesar da volta ao poder do presidente Lula, que defende uma pauta mais progressista, “você não muda essa chave magicamente”. A grande dificuldade de mudança está no Congresso, que é “majoritariamente de liberais de direita e extrema direita”.

Questionada sobre o acordo do presidente Lula com o Centrão, que já teve como consequência a substituição por homens do bloco de duas das 11 mulheres indicadas pelo petista para seu governo, Olívia Santana ressalta que “essa é uma disputa muito pesada” e diz que “compor a democracia representativa é um ato político, não é uma benesse”. Visando a paridade de gênero e raça na política, a deputada baiana defende como principal pauta a “reserva de cadeiras” para mulheres e pessoas negras.

“As mulheres, que são maioria na sociedade brasileira, precisam se transformar em força política e eleger mais mulheres. São 513 deputados, e apenas 77 mulheres, enquanto aqui na França são 577 deputados e 223 mulheres. É uma potência! Nós precisamos fazer isso no Brasil. Nós queremos reserva de vagas de cadeiras, com o compromisso de chegarmos à paridade até 2030, pelo menos”, espera.

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