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Chances de vitória de Bolsonaro caíram devido a crises criadas pelo presidente e seus aliados, como o ataque de Roberto Jefferson à PF

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O cientista político Josué Medeiros, professor da UFRJ e coordenador do Observatório Político e Eleitoral disse à RFI que num segundo turno tão polarizado qualquer polêmica pode ter impacto nas urnas

Jair Bolsonaro durante uma visita de campanha a Juiz de Fora, em Minas Gerais.
Jair Bolsonaro durante uma visita de campanha a Juiz de Fora, em Minas Gerais. REUTERS - ADRIANO MACHADO
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Raquel Miura, de Brasília

“Um episódio como esse, com um aliado muito íntimo de Bolsonaro, que dá cinquenta tiros de fuzil contra policiais e joga granadas contra eles, isso impacta sim a eleição. Quem não gosta de Lula nem de Bolsonaro, tem uma chance maior de gostar menos ainda de Bolsonaro”.

Há duas semanas, já no meio do segundo turno, a avaliação que perdurava entre muitos analistas e políticos era de que o resultado final das eleições era incerto porque Jair Bolsonaro ficou em segundo lugar, mas vinha crescendo, além de contar com o poder da máquina pública. No entanto, faltando cinco dias para a eleição, alguns analistas avaliam que as chances de reeleição do atual presidente caíram por uma série de polêmicas que ele mesmo ou seus aliados criaram. O caso envolvendo Roberto Jefferson se encaixa nessa lista de crises.

“Esse caso impacta primeiro porque nós vivemos uma polarização muito forte, então quem for o vencedor no domingo (30), vencerá por uma margem bem pequena de votos. Assim, qualquer evento pode fazer diferença. Depois, porque esse segundo turno é a eleição das rejeições. Entre 90% e 95% dos eleitores já estão com voto definido. E entre 5% e 10% vão decidir não porque gosta de um ou de outro, mas porque não gosta de Lula ou de Bolsonaro”.

Para o cientista político Josué Medeiros, “esse eleitor indeciso está justamente prestando atenção ao máximo em tudo o que está acontecendo para decidir o voto. Os ataques de Roberto Jefferson e outras polêmicas como aquela frase em tom pedófilo sobre as meninas venezuelanas, tudo cria um ambiente contrário ao avanço de Bolsonaro, num momento decisivo.”

Ao ser perguntado, então, porque as pesquisas continuam mostrando uma disputa bem apertada, com Bolsonaro muito próximo de Lula, ele avalia que as polêmicas do presidente acabaram por frear o crescimento que ele registrou na reta final do primeiro turno. Ou seja, Bolsonaro poderia estar melhor nas intenções de voto, não fossem tropeços internos.

“A questão é que Bolsonaro entra no segundo turno atrás de Lula, porém numa curva ascendente, com chances de passar. Mas aí vêm a frase das meninas venezuelanas, as declarações do ministro da Economia de que não haveria reajuste real do salário mínimo e agora essa situação de Roberto Jefferson, tudo isso estancou o crescimento de Bolsonaro. Virar o jogo agora para ele está mais difícil.”

Ele acrescenta que “muita gente espera um impacto como aquela bala de prata, que na prática inviabiliza uma candidatura. Mas esse tipo de coisa não costuma acontecer no segundo turno, onde as intenções já estão cristalizadas.”

O cientista político Josué Medeiros, professor da UFRJ e coordenador do Observatório Político e Eleitoral.
O cientista político Josué Medeiros, professor da UFRJ e coordenador do Observatório Político e Eleitoral. © Captura de tela

O analista teme que, a depender do resultado final das urnas, o desafio de fazer valer a vontade expressa nas urnas pode exigir mobilização da sociedade civil. “Acho que se Bolsonaro perder a sociedade vai ter que se mobilizar para que se efetive o resultado das eleições porque ele não vai aceitar.”

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