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“Estamos entrando em um novo humanismo, um renascimento”, diz astróloga brasileira em Paris

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A interpretação dos corpos celestes e as prováveis relações que eles possuem com a vida das pessoas e os acontecimentos na Terra é um assunto que fascina a humanidade há muito tempo. Nesta entrevista, a RFI explora o tema da astrologia coletiva, modernamente chamada astrologia mundial. Celisa Beranger é uma especialista no assunto e explica os ciclos de prosperidade e escassez. E de acordo com ela, a tendência futura é de melhora.

Astróloga Celisa Beranger
Astróloga Celisa Beranger © RFI
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Astróloga, arquiteta e urbanista, professora, palestrante, autora de livros publicados no Brasil e no exterior, Celisa Beranger é uma das personalidades mais respeitadas quando o assunto é interpretar os astros. Ela também é uma seguidora dos estudos do astrólogo francês, mundialmente famoso, André Barbault (1921-2019), autor, entre outras obras, do famoso Tratado Prático de Astrologia, um título fundamental para os interessados no assunto.

“Eu tive o privilégio de conhecê-lo pessoalmente, é alguém que teve uma importância na minha formação”, diz, antes de explicar como funciona a teoria dos índices cíclicos. “O que ele dizia era que, em função das curvas representadas pela distância entre os planetas mais lentos - Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão - é possível acompanhar o desenvolvimento da humanidade e suas fases de crise. Então, através deste gráfico, foi possível prever, com anos de antecedência, a crise de 2020”, afirma.  

De acordo com a astróloga, a conjunção entre os planetas Júpiter-Saturno-Plutão teria “detonado” a pandemia. “Era uma das possibilidades. Poderia ser uma pandemia, uma guerra ou acidente da natureza muito grave. Mas essa é a questão: a astrologia prevê um contexto, ela não prevê os fatos concretos”, afirma.

De acordo com o gráfico, que mostra o período entre 2010 e 2030, houve uma queda de 2014 até 2020. De lá para cá, 2021 registrou um pequeno movimento decrescente, quase um patamar e, a partir de 2022, o índice começa a subir, acelerando em 2023 até 2029. “Este ano, começamos a subir muito levemente e, no ano que vem, isso se acelera. Mas começar a subida é alentador”, comemora.

Detalhe do gráfico de ídices cíclicos.
Detalhe do gráfico de ídices cíclicos. © arquivo pessoal

Um dos métodos da astrologia mundial é analisar o movimento de planetas lentos e os aspectos que eles fazem entre si. Trata-se dos planetas sociais (Júpiter e Saturno) e dos geracionais (Urano, Netuno e Plutão). “Para você ter uma ideia, nesta quarta-feira (2 de março) temos uma lua nova e todos os astros estão entre o signo de capricórnio e de touro. Todos estão dentro de um arco de 104 graus, sendo que o zodíaco tem 360 graus. Então, menos de um terço do céu está ocupado pelos planetas”, aponta. “O que Barbault sugeriu foi medir a distância entre eles e somar essas distâncias. Quanto maior esta soma, mais a humanidade se desenvolve. Quanto menor, mais ela regride”, explica. 

Invasão da Ucrânia

Mas como explicar a invasão da Ucrânia pela Rússia, num contexto em que o ciclo começa a ser ascendente? Será que a astróloga foi pega de surpresa? “Não foi totalmente inesperado. Na lua cheia do mês passado, eu escrevi que tínhamos chegado ao clímax de uma crise de autoridade e legitimidade e que era muito ruim que toda a decisão estivesse nas mãos de um único homem: Vladimir Putin”, afirma. Contudo, “poderia ser muito mais grave se a invasão da Ucrânia tivesse acontecido no ano passado”, observa.

Celisa Beranger, no entanto, deixa claro que “os astros inclinam, mas não determinam” os fatos. “Você vai lembrar que, na época do presidente americano Barack Obama, os Estados Unidos estiveram em vias de invadir o Irã. E não invadiram porque o presidente resolveu deixar a decisão para o Congresso”, cita. “Se a astrologia pudesse ter uma participação social maior, ela poderia contribuir, pois nasceu para o homem entender o seu papel no cosmos”, afirma.  “Imagine que na caverna de Lascaux estavam marcadas a lua nova e a lua cheia, há 17 mil anos, para eles marcarem as caçadas”.   

O que esperar de 2022

De acordo com Celisa Beranger, um ciclo Júpiter-Netuno em Peixes vai fortalecer os princípios coletivos e campanhas humanitárias este ano. Porém, juntamente com a renovação de esperança, a astróloga destaca uma “tendência inflacionária”.

“Júpiter é um planeta de oportunidades, de ânimo, de otimismo, que sempre vê o futuro como melhor. Este encontro de Júpiter com Netuno não ocorre em Peixes desde 1856. Ele promove, exatamente, esta conotação de humanidade, de compaixão, de desenvolvimento espiritual. Veja que está acontecendo uma grande mobilização em relação à Ucrânia”, destaca.  

Porém, o mesmo ciclo pode dar oportunidades ao aparecimento de “falsos profetas”. “As pessoas que têm Netuno forte são mais influenciáveis. E Júpiter aumenta isso. Eu sempre digo que a astrologia não é para acreditar. É para constatar e comprovar”, acrescenta.

Outra pauta que esteve em voga e que foi prevista pela análise dos astros foi a “dúvida na ciência” e certa instabilidade. “A dúvida da ciência e a instabilidade é por outro motivo e isso vem desde o ano passado. Saturno e Urano são dois planetas que representam a ciência. Urano sempre como a inovação e Saturno como teste dessas novas ideias. Então, houve esta tensão das pessoas contra as vacinas de RNa que vêm sendo testadas há dez anos, mas que os mais tradicionais não aceitam”, observa. “Neste momento, estes planetas estão afastados. Mas eles voltam a se encontrar em setembro e outubro, então teremos esse clima de tensão e questionamento de regras e limites”, alerta.

Ritmo dos índices cíclicos no século XXI.
Ritmo dos índices cíclicos no século XXI. © arquivo pessoal

Eleições no Brasil

Este período coincide com as eleições presidenciais no Brasil, que conforme destaca a astróloga, acontecem no momento de “um eclipse no grau 2 de Escorpião, casa 9 do Brasil, em conjunção com Marte”, o que poderia ser interpretado como alguma interferência. “Esta é a terceira eleição seguida do Brasil (2014, 2018, 2022) envolvendo o planeta Netuno, que pode estar ligado a engodo, fraudes. De alguma maneira, isso pode indicar que teremos confusões, armações e, infelizmente, já temos desde agora quem diga que as eleições não são seguras”.

Esta interpretação indica, também, problemas na economia, descrédito e obstáculos a serem enfrentados pelo governo. Restrições para a população, pessimismo e uma campanha eleitoral agressiva também podem estar na pauta.  “Júpiter vai encontrar Netuno na casa da economia do Brasil, a casa 2, em oposição à Mercúrio, o que tem conotação inflacionária, com chances de as pessoas gastarem mais dinheiro confiando que vão ganhar mais. Isso é o perigo desta conjunção”, afirma. “A tendência é de desorganização da economia do país”, completa.  

Desde 2016, Celisa Beranger vem alertando sobre o clima de polarização no Brasil, além de tendências ao autoritarismo e militarismo. “A partir de 2023, isso tende a melhorar e diminuir a tensão, devido ao encontro de Sol e Marte, que vêm caminhando juntos desde 2016, o que não é comum. Isso é uma técnica bastante divulgada na França, que é de progressões”.

Novo renascimento

A especialista observa, no entanto, que “nunca se tem um céu ideal e é preciso viver com o mundo que tem”. E nesse sentido, os astros trazem ao menos uma esperança. “Em 21 de dezembro de 2020, os planetas Júpiter e Saturno se encontraram no grau zero de Aquário. Eles se encontram a cada 20 anos. Mas, em 2020, esse encontro mudou de 200 anos de uma etapa em terra, materialista, ligada a dinheiro, para o elemento ar, que valoriza o intelecto, as relações e a criatividade”, explica. “Estamos entrando numa nova etapa, um novo humanismo, em que a criatividade terá mais valor”, acrescenta.

“É como um novo renascimento, uma renovação de cultura e arte, isso eu vejo com perspectiva muito positiva. E até 2026, o índice sobe como uma flecha”, conclui.

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