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Fundação de cidades coloniais no Brasil e nos EUA dependeu de troca com indígenas, mostra livro

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A imagem caduca de que as Américas eram um território vazio está na base do projeto de colonização europeia do Brasil e dos Estados Unidos. No entanto, para a seleção de lugares e a construção de vilas coloniais nos dois países, os europeus dependeram de uma forte troca e aprendizado com os indígenas locais para se apropriar do ecossistema, conta o historiador Laurent Vidal, professor da Universidade de La Rochelle, na França.

O historiador Laurent Vidal, especialista em história do Brasil e professor da Universidade La Rochelle
O historiador Laurent Vidal, especialista em história do Brasil e professor da Universidade La Rochelle © Divulgação/ Les Perséides
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A formação urbana colonial nos dois países é o tema do livro "Les Fondations de villes sur les littoraux américains. Brésil et Etats-Unis, XVIe-XIXe siècle", publicado pela editora Les Perséides sob organização de Vidal e de Bertrand Van Ruymbeke.

O livro não pretende fazer uma comparação direta entre a experiência nos dois países, mas apontar conexões entre o que aconteceu ao norte e ao sul das Américas. "Fazer essa comparação foi uma grande obsessão nos anos 1950, na época do Juscelino Kubitschek no Brasil. Nós quisemos insistir nas conexões, feitas essencialmente pelo contexto, pelo fato de que estes dois países são os maiores países escravagistas do Mundo Novo", explica o historiador.

Fundar cidades nestas regiões chamadas de Novo Mundo para os europeus era também constituir uma população, com escravizados entre a massa de pessoas trazidas do continente africano e aqueles que já moravam no território, os indígenas.

E é graças ao aprendizado com os indígenas que colonizadores no Brasil e nos Estados Unidos puderam ter as melhores informações para a criação das cidades. 

"Os grandes fundadores dessas cidades foram os indígenas. No livro, tomamos o exemplo dos litorais marítimo e fluvial. Eram os indígenas que conheciam o ecossistema destes litorais, então são eles que inicialmente explicaram onde melhor se instalar, como aproveitar das especificidades da terra, da vegetação, etc. Ou seja, houve com as populações indígenas não apenas lutas, mas trocas conscientes ou inconscientes de saberes em torno do ecossistema e da utilização dele", afirma Vidal.

O historiador Laurent Vidal, especialista em história do Brasil e professor da Universidade La Rochelle
O historiador Laurent Vidal, especialista em história do Brasil e professor da Universidade La Rochelle © Astrid di Crollalanza/Divulgação Flammarion

Um comércio direto entre Brasil e Estados Unidos

O livro também chama a atenção para a figura do pensador liberal brasileiro Hipólito José da Costa.

"Ele foi o fundador do primeiro jornal brasileiro, chamado Correio Braziliense, em 1808, em Londres. Antes de fundar este jornal, ele sai de Portugal para os Estados Unidos e vai tentar estabelecer um comércio direto entre Estados Unidos e Brasil", comenta o historiador Laurent Vidal. 

Este olhar, no nível dos homens e não das instituições coloniais, permite ver de outra forma esse período colonial, em que as colônias tinham ativa circulação de pessoas e mercadorias entre elas, independente das metrópoles. 

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