Retirada do Sudão da lista de países que apoiam terrorismo abre oportunidades de negócios, diz embaixadora
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Ela é declaradamente apaixonada pelo Sudão, país onde Patricia Lima atua como embaixadora do Brasil desde o início do ano passado. Desembarcou na capital sudanesa durante a onda de protestos que começaram em dezembro de 2018 e terminaram com a queda de Omar al-Brashir, que comandou o Sudão por 30 anos.
De Cartum, Vinícius Assis, correspondente da RFI
Essa foi a terceira revolução no país. A embaixadora recebeu a RFI na embaixada brasileira em Cartum, na semana em que se celebram dois anos do início dos protestos e exatamente quando os Estados Unidos anunciaram a retirada do Sudão da lista de países promotores do terrorismo.
“Havia uma grande expectativa de que isso se concretizasse com o advento do governo de transição. Eu diria que é uma reparação mais do que justa”, disse a embaixadora.
A representante máxima do Brasil no país do norte-africano lembra que agora o Sudão poderá ter acesso a empréstimos internacionais, por exemplo. O sudanês que vive no exterior poderá ajudar sua família com transações bancárias; e o turista estrangeiro vai poder visitar o país usando cartão de crédito internacional, o que hoje não é possível.
Aproximar o Brasil do Sudão
A decisão dos Estados Unidos poderá também aproximar o Brasil do Sudão. “Espero que agora empresários brasileiros se sintam motivados a cruzar o oceano, um pedaço da África e buscar nichos de oportunidades no Sudão”, comenta.
A hospitalidade sudanesa e a paixão pelo futebol são duas características em comum dos dois países, que já tiveram relações mais próximas no passado. Hoje o Itamaraty não recomenda aos brasileiros viajar ao país, classificação que a embaixadora está tentando mudar. “Este é o país com o maior número de pirâmides do mundo: 250. E também atrai muitos mergulhadores europeus, lembra.
Antes de ser embaixadora do Brasil no Sudão, Patrícia Lima foi chefe da Assessoria Internacional da Controladoria-Geral da União (CGU), assessora do Departamento de Direitos Humanos do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e ministra na embaixada no Kuwait.
O Sudão tem uma população de cerca de 40 milhões de habitantes e é hoje o país com o terceiro maior território da África, já que em 2011 perdeu parte da sua área para a criação do Sudão do Sul.
Mais de 95% dos sudaneses são muçulmanos. A embaixada deles em Brasília foi aberta em 2004. O Brasil retribuiu o gesto em 2006. Recentemente o Brasil doou testes de Covid-19 ao país. Em 2010 o governo brasileiro fez doações para combater a mortalidade infantil e incentivar a agricultura familiar no país que somaram US$500 mil.
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