Museu de Paris mostra a evolução de cabelos e pelos no decorrer do tempo e das modas
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A exposição “Cabelos e Pelos”, no Museu de Artes Decorativas (MAD) de Paris, passa um pente fino pela história da cabeleira, da importância das madeixas desde a antiguidade até os nossos dias. São mais de 600 peças, entre antiguidades, pinturas, fotos, propagandas, histórias em quadrinhos e clips testemunhando o fenômeno de moda que é o cabelo.
Patricia Moribe, de Paris
Ondular ou alisar? Barba ou cavanhaque? Axilas lisinhas ou ao natural? E os pelos púbicos?
“A ideia era de fazer uma mostra sobre a moda ou a construção das aparências, mas sem expor roupas”, explica o curador Denis Bruna, entrevistado pelo jornalista Victor Missistrano, da RFI. “E isso partindo do princípio de que estamos tratando de matéria corporal e, no caso, os cabelos, que são incrivelmente modeláveis – podemos deixar crescer, cortar, esconder, etc., há milênios.”
Algumas peças são realmente milenares, como esculturas egípcias ou uma espécie de peruca encontrada junto a uma múmia, objetos emprestados do vizinho Museu do Louvre. Uma prova de que o cabelo, reforçado pela queratina, pode resistir ao tempo.
A primeira parte trata do penteado feminino como indicador social, desde a Idade Média. Um vídeo mostra as etapas complicadas de três penteados.
Barbas, bigode, cavanhaque
Em seguida, o assunto é a pilosidade corporal, uma preocupação tanto de homens quanto de mulheres. “No século 16, um homem sem barba era considerado um homem que não tinha educação; todos os intelectuais dessa época tinham barba”, explica o curador. Durante séculos, a barba e cabelos longos para homens eram associados também à força e à virilidade. O rosto bem barbeado e a peruca entram na moda nos séculos 17 e 18. E as tendências se alternam.
Nessas idas e vindas da moda, numa época em que o cabelo curto era norma para os homens, quatro cabeludos de Liverpool ousaram revolucionar as convenções e deixaram as tesouras de lado. Os Beatles marcaram não só a história da música como da moda.
A mostra no MAD também aborda a depilação do corpo. O visitante se depara logo com o famoso e sempre polêmico quadro “A Origem do Mundo”, de Gustave Courbet, mostrando a genitália feminina em primeiro plano, emprestada do museu d’Orsay, do outro lado do rio Sena. A profusão capilar da modelo é indício dos modos da época, ao contrário dos últimos tempos, onde a depilação das partes íntimas virou banalidade.
O público se diverte com propagandas onde o pelo, seja nas axilas ou nas virilhas, vira o vilão – feio, desbocado e malcheiroso.
Para todos os gostos
Outros ícones exibem pilosidades variadas, como os bigodudos Salvador Dali e o ator americano Tom Selleck, do seriado Magnum. Tem também a drag barbada Conchita Wurst, vencedora do concurso Eurovision de música em 2014.
Os carecas também têm espaço entre os cabelos, como o charmoso ator americano Yul Brynner e o detetive Kojak, vivido por Telly Savalas, personagem de uma série que marcou os anos 1970 sobre um detetive em Nova York.
Símbolos de rebeldia, afirmação ou mera vaidade, os cabelos são um importante veículo de expressão artística, sendo incorporados às passarelas e absorvidos pela indústria da moda.
A mostra cumpre seu papel histórico exibindo ainda a parte técnica ligada aos pelos e cabelos, ou seja, o trabalho dos profissionais e a evolução de produtos e aparatos.
"Cabelos e Pelos" fica em cartaz no Museu de Artes Decorativas de Paris até 17 de setembro de 2023.
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