Museu da história de Delft traz panorama do século 17 de Vermeer
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Uma exposição histórica em Amsterdã reúne 28 telas do mestre holandês Johannes Vermeer (1632-1675). Outra mostra, em Delft, sua cidade natal, traz um panorama da vida no século 17, retraçando os passos do artista e possíveis influências que possa ter vivido.
Patrícia Moribe, enviada especial da RFI a Delft
Uma delas é “A Vista de Delft”. Em uma carta de 1905, o escritor francês Marcel Proust escreve que viu em um museu de Haia o quadro mais belo do mundo.
A outra, “Het Straatje” (A Ruela) é um instantâneo do cotidiano, mostrando uma cena doméstica, com uma mulher costurando na soleira de uma porta, uma outra nos fundos e duas crianças brincando sob um banco.
A seguir, a exposição traz quadros feitos em interiores, com personagens em momentos de reflexão, tocando música, lendo ou escrevendo uma carta. Momentos silenciosos, iluminados pela luz tênue de uma janela.
Para o historiador de arte holandês Kees Kaldenbach, Vermeer não pinta sua própria vida. “Ele não mostra a realidade da sua casa, com onze crianças correndo o tempo todo, a mulher, a sogra, a criada”, diz. “É muita agitação; o mundo de Vermeer é muito silencioso, como uma abstração.”
Quem foi Vermeer?
Pouco se sabe sobre a vida do artista, que morreu com 43 anos, em 1675. Registros mostram que ele deixou muitas dívidas. Não há retratos ou autorretratos, nem diários ou cartas.
Mas sabe-se que nasceu e morreu em Delft, a cerca de 70km ao sul de Amsterdã. Talvez Vermeer nunca tenha saído de lá.
Visitar Delft é uma viagem no tempo. Apesar de ser muito turística, a cidade preserva toques típicos de cartão postal, como canais, um moinho ao longe, uma grande praça central, uma catedral. E muitas bicicletas.
Para mostrar o contexto da Holanda durante o tempo do artista, o museu Prinsenhof (corte do príncipe), traz a exposição “Delft de Vermeer”.
Objetos históricos, como quadros de outros mestres holandeses, mapas, livros, registros e peças de decoração, nos remetem à vida em Delft no século 17.
Nos passos de Vermeer
“O objetivo foi partir do começo, com o que conhecemos e tentar ir além”, diz Hester Schölvinck, chefe de coleção e apresentação do museu Prinsenhof. Ela cita como influências importantes o fato de o pai ter sido negociador de arte – assim Vermeer teria visto muitas obras – e do casamento do artista com uma mulher católica, expondo-o para um outro tipo de religiosidade, diferente de sua origem protestante.
A exposição em Delft também destaca que a cidade era um polo dinâmico na época, atraindo cientistas e artistas, que certamente influenciaram Vermeer.
Registros históricos mostram que Vermeer fez parte da corporação de artistas e também era integrante da milícia da cidade.
“Esta exposição fornece um quebra-cabeça para o visitante. E cada um vai poder encaixar as peças e assim ter uma visão mais clara de quem Vermeer poder ter sido”, diz a responsável do museu em Delft.
As exposições "Vermeer", em Amsterdam, e "Delft de Vermeer", em Delft, ficam em cartaz até 4 de junho.
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