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Rendez-vous cultural

Longa de James Gray, produzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira, entra na competição em Cannes

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Nesta quinta-feira (19), o filme “Armageddon Time”, de James Gray, entra na competição pela Palma de Ouro no Festival de Cannes. O longa americano é produzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira, da RT Features, que desponta como um dos principais nomes de Hollywood atualmente.

Cena do filme Armageddon Time, de James Gray, na competição oficial pela Palma de Ouro do Festival de Cannes.
Cena do filme Armageddon Time, de James Gray, na competição oficial pela Palma de Ouro do Festival de Cannes. Courtesy of Focus Features - Courtesy of Focus Features
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Adriana Brandão, enviada especial ao Festival de Cannes

“Armageddon Time” é um filme autobiográfico, focado na juventude de James Gray em Nova York nos anos 1980, no momento da chegada de Ronald Reagan ao poder. Ele conta a história de um adolescente judeu, segundo filho de uma família de classe média baixa. Todo o investimento da família vai para o primogênito. O segundo filho, sonhador, estuda em uma escola pública até ser expulso e ser finalmente enviado a uma escola privada do Queens, dirigida por Fred Trump, pai de Donald Trump.

Segundo Rodrigo Teixeira, o filme fala de um tema muito presente atualmente. “É um filme sobre o racismo. Todo mundo sofre racismo nos Estados Unidos em alguma escala; o latino, o negro, o judeu, todo mundo sofre. O filme se passa em um momento que os EUA saiam do (governo do) Jimmy Carter, democrata, e vem o Ronald Regan e a volta de um país mais conservador”, conta o produtor.

Armageddon Time, de James Gray, é um filme autobiográfico, focado na juventude do cineasta americano em Noa York, nos anos 1980.
Armageddon Time, de James Gray, é um filme autobiográfico, focado na juventude do cineasta americano em Noa York, nos anos 1980. Courtesy of Focus Features - Courtesy of Focus Features

Armageddon Time questiona, mais uma vez, o sonho americano. O longa é estrelado por Anne Hathaway, Anthony Hopkins e Jeremy Strong. Ele marca a volta de James Gray a Cannes, nove anos depois de sua participação com “A Imigrante”. Cannes aprecia a obra do diretor americano, selecionado pela quinta vez na disputa pela Palma de Ouro.

Expectativa de prêmios

Ele é um “cineasta autoral e independente”, ressalta Rodrigo Teixeira, “muito mais reconhecido na Europa do que nos Estados Unidos. O grande público americano não conhece porque ele não se rendeu a fazer filme para o grande público”. Alguns críticos colocam “Armageddon Time” na lista dos favoritos, mas o produtor brasileiro prefere não ter expectativa: 

“Aprendi com o tempo a não ir a Cannes com expectativa. Se eu ganhar é lucro. Eu já estou na competição, batalhei muito para isso. Há dois anos seguidos, tem filme da RT em competição em Cannes. A minha produtora, eu considero, ganhou três dos quatro principais prêmios de Cannes. Só falta um, a Palma de Ouro.”

Rodrigo Teixeira faz referência a Câmera D’or conquistada no ano passado por “Murina”, da diretora croata Antoneta Alamat Kusijanovic, no ano passado, do prêmio "Un Certain Regard" para a “Vida Invisível de Eurídice Gusmão, do brasileiro Karim Aïnouz, em 2019, e o Fipresci, também em 2019, por “The Lighthouse”, do norte-americano Robert Eggers. 

Na opinião de Teixeira, a seleção deste ano é “bem particular, de autores” e que tudo depende do júri, que este ano é “interessante”. “Quando você tem o Vincent Lindon presidente do júri, ele pode apreciar o James, mas ao mesmo tempo ele fez “Titane” (vencedor da Palma de Ouro em 2021). Será que Cannes 2022 repete 2021 e dá um prêmio para um filme similar, que é o “Crimes do futuro” — do David Cronenberg — que tem a mesma estranheza?", questiona. Ele acredita que Thierry Frémaux irá brigar “para que um filme parecido não ganhe”. 

DNA brasileiro

“Armageddon Time” é a segunda colaboração de Rodrigo Teixeira com James Gray. Eles fizeram juntos “Ad Astra”, em 2019. O longa na competição em Cannes é americano, mas Rodrigo Teixeira gosta de dizer que ele tem DNA brasileiro.

O brasileiro Rodrigo Teixeira é o produtor principal do longa "Armageddon Time", de James Gray.
O brasileiro Rodrigo Teixeira é o produtor principal do longa "Armageddon Time", de James Gray. RFI

“Ele é um filme brasileiro. Eu garanto esse filme. Se der uma besteira financeira, quem vai pagar a conta sou eu. Eu desenvolvi com o James, o contratei para desenvolver uma ideia que ele vendeu para mim. Durante um ano e meio foi um trabalho muito solitário dele conosco. Somos (a RT) as primeiras pessoas a receber o roteiro”, lembra. Rodrigo Teixeira é o produtor majoritário mas tem parceiros, entre eles quatro brasileiros.

“Armageddon Time” é o terceiro, dos 21 filmes na disputa pela Palma de Ouro, a ser exibido em Cannes. Os vencedores serão conhecidos em 28 de maio, último dia do maior e mais badalado festival de cinema do mundo.

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