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Linha Direta

Risco para reféns adia vasta ofensiva terrestre de Israel em Gaza, três semanas após o início da guerra

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O Exército de Israel anunciou, nesta sexta-feira (27) que realizou um novo ataque terrestre limitado contra o Hamas na Faixa de Gaza. Mas a expectativa, no momento, é pela esperada incursão terrestre no Norte da região, que ninguém sabe quando acontecerá.

A fumaça sobe após um ataque aéreo israelense na Faixa de Gaza, visto do sul de Israel, quinta-feira, 26 de outubro de 2023.
A fumaça sobe após um ataque aéreo israelense na Faixa de Gaza, visto do sul de Israel, quinta-feira, 26 de outubro de 2023. AP - Francisco Seco
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Daniela Kresch, correspondente da RFI em Israel

Segundo as tropas israelenses, a operação ocorreu no centro do enclave e foi apoiado por "caças e drones".  Este é a segundo ataque do tipo em dois dias. Locais do Hamas também foram bombardeados em toda a Faixa de Gaza, onde plataformas de lançamento de foguetes e centros de comando do Hamas foram destruídos.

O Exército israelense está realizando incursões que antecipam uma ofensiva terrestre contra o Hamas. O chefe do Estado Maior das Forças Armadas, Yoav Gallant, voltou a afirmar que a entrada da infantaria em Gaza é “iminente” e será “poderosa” - em um de seus pronunciamentos que parecem voltados mais para o Hamas do que para o público interno. Mas, na prática, ainda é incerto quando a entrada da infantaria de Israel no Norte da Faixa de Gaza vai acontecer.

O objetivo israelense, segundo os militares, é destruir totalmente a infraestrutura do Hamas, o que inclui dezenas de quilômetros de túneis subterrâneos construídos ao longo dos anos com financiamento externo – principalmente do Irã e do Catar.

Na noite de quarta para quinta-feira, soldados israelenses fizeram uma limitada e temporária incursão, que está sendo vista como uma preparação para a iminente incursão de soldados. O porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Daniel Hagari, disse que o exército continuará a realizar ataques terrestres limitados.

Paralelamente, a Força Aérea de Israel continuou com os ataques aéreos ao Norte da Faixa de Gaza, território dominado pelo Hamas. Foram 250 alvos, segundo os militares.  

Em um deles, o vice-diretor do Departamento de Informação do Hamas, Shadi Barhud - apontado como um dos organizadores do ataque terrorista de 7 de outubro em Israel -, foi morto. Outros membros da cúpula do Hamas também foram eliminados, segundo informações da imprensa israelense.

Acordo para soltar reféns

Ao que tudo indica, a incursão terrestre está sendo adiada por causa dos reféns israelenses que estão no cativeiro do Hamas em Gaza. O Hamas, no momento, mantém 224 reféns israelenses, incluindo civis, mulheres, idosos, crianças e até mesmo bebês.

As famílias dos sequestrados estão unidas em seus esforços para pressionar o governo e organismos internacionais a realizar algum tipo de acordo para libertar os reféns. Mas eles sabem que o tempo é limitado diante da mobilização militar israelense na fronteira com Gaza.

Há informações desencontradas sobre uma possível negociação para libertação de parte dos reféns, principalmente civis. Ao que parece, o Hamas também está diferenciando os sequestrados estrangeiros ou com dupla nacionalidade daqueles que são “apenas” israelenses.

Uma das demandas do Hamas é por combustível, que o grupo extremista afirma que está em falta na região. Mas o governo israelense nega e afirma que o Hamas roubou cerca de 500 mil litros de combustível de tanques de propriedade da UNRWA, a agência da ONU para refugiados palestinos.

Numa aparente tentativa de pressionar Israel, um dos porta-vozes do Hamas afirmou, nesta quinta-feira, em uma conta do Telegram, que aproximadamente 50 reféns israelenses haviam morrido em ataques da Força Aérea. Em Israel, acredita-se que se trata de guerra psicológica.

Em meio à guerra, o país está parado e ainda chocado com o massacre de 1.400 pessoas no dia 7 de outubro, quando outras 5.500 também foram feridas. Cem pessoas ainda estão desaparecidas.

Imagens e vídeos mostrando assassinatos brutais de crianças e violência sexual contra mulheres estão circulando, principalmente depois que a assessoria de imprensa do Exército – numa decisão inédita – aceitou mostrar horas de gravações feiras por câmeras dos próprios terroristas a jornalistas de todo o mundo.

Os ataques aéreos contra Israel também não cessam, mesmo com a violenta retaliação israelense em Gaza. O número total de lançamentos de foguetes provenientes de Gaza ultrapassou os 8 mil, nesta quinta-feira, numa média de 400 ataques aéreos por dia contra o Sul e o Centro de Israel, além de Jerusalém.

Mais de 120 mil israelenses são refugiados após serem retirados das suas casas nas comunidades que fazem fronteira com a Faixa de Gaza e com o Líbano, já que também há ataques diários contra o Norte de Israel lançados pela guerrilha libanesa Hezbollah, que também é financiada pelo Irã.

Há uma tentativa da sociedade civil de se unir e ajudar os deslocados e as famílias dos mortos e sequestrados, com muitas iniciativas de solidariedade por todo o país.

Críticas internas

Em meio a tudo isso, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu enfrenta muitas críticas internas e uma crise de popularidade inédita desde que Israel foi atacado de surpresa. Ele é aprovado, hoje, por apenas 22% da população. E seu governo, por apenas 14%. Na última vez que algo parecido aconteceu, há 50 anos, com a Guerra do Yom Kippur, a então premiê Golda Meir acabou renunciando depois do fim da guerra.

Netanyahu praticamente assumiu a responsabilidade pelo ocorrido em pronunciamento à nação, na noite de quarta-feira, 25 de outubro. Mas disse que esse tipo de discussão, sobre culpados, deve ser deixada para depois da guerra.

Ontem, Benny Gantz, ex-chefe das Forças Armadas, ex-ministro da Defesa e atual líder do partido de Centro “Campo Nacional”, disse que ele também se considera responsável. Gantz ingressou há duas semanas na coalizão de Netanyahu para formar de um governo de unidade nacional e diminuir a influência dos ultranacionalistas e ultra direitistas no governo.

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