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Linha Direta

Charles III busca reaproximação entre Londres e Paris em visita de três dias à França

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Com a missão de reaproximar o Reino Unido da França, o rei Charles III desembarca em Paris nesta quarta-feira (20), onde cumpre agenda de três dias e 21 compromissos. A visita ao vizinho do outro lado do Canal da Mancha tinha sido planejada pelo monarca para ser a sua primeira viagem internacional desde que assumiu o trono. Entretanto, protestos violentos contra a reforma da Previdência francesa levaram as autoridades a cancelar a bilateral em março.

O rei Charles III e a rainha Camilla têm uma agenda intensa de compromissos na França.
O rei Charles III e a rainha Camilla têm uma agenda intensa de compromissos na França. © AFP - Finnbarr Webster
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Vivian Oswald, correspondente da RFI em Londres

Emmanuel e Brigitte Macron recebem o rei Charles III e a rainha Camilla em uma atmosfera mais amena do que na época das manifestações contra a reforma que elevou a idade mínima de aposentadoria na França. O adiamento da visita, na época, gerou um certo constrangimento ao chefe de Estado francês.

Charles III será o primeiro soberano britânico a discursar no Senado francês. E vai fazê-lo em francês. Essa foi a estratégia bem-sucedida que o rei utilizou em visita recente à Alemanha: ostentar seus dotes linguísticos para tentar seduzir os vizinhos. O monarca britânico quer dar seu toque pessoal à visita. Assim, pretende destacar a relação histórica entre as duas nações, que sempre teve seus altos e baixos. Mas a verdade é que o arrastado processo do Brexit tratou de azedar o clima nos últimos anos.

Os desentendimentos sobre a melhor forma de lidar com a chegada de pequenas embarcações com imigrantes ilegais e refugiados não ajudou. O Reino Unido votou por deixar a União Europeia (UE) em junho de 2016, e saiu do bloco oficialmente em 2020. Desde então, foram muitos anos de trocas de farpas e acusações.

Em apenas três dias de viagem, Charles III e a mulher terão nada menos que 21 compromissos, entre eles um jantar de Estado em comemoração dos 400 anos do Palácio de Versalhes. A rainha Elizabeth II e o marido, o príncipe Philip, almoçaram no palácio por ocasião de sua primeira visita de Estado à França, em 1957.

O monarca será recebido por Macron no Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa. Na pauta da conversa entre os dois está a aquecimento global, um dos temas preferidos do soberano e já abordado durante a cúpula do clima em Glasgow, na Escócia, em 2021. Também estão na agenda a guerra na Ucrânia e as crises na região do Sahel, na África.

Além de Paris, Charles III e a rainha Camilla também visitam a cidade francesa de Bordeaux (oeste), onde se encontram com equipes de emergência e comunidades afetadas pelos incêndios florestais de 2022 na área. Eles ainda visitam o projeto "Forêt Experimentale", ou floresta experimental, criado para monitorar o impacto do clima em matas urbanas. Como a visita coincide com a Copa Mundial de Rugby, uma febre dos dois lados da Mancha, o casal real ainda deve se encontrar com atletas e tirar fotos.

Queijo inglês servido em jantar de Estado em Versalhes

A reaproximação pós-Brexit entre Reino Unido e França já teria começado com a visita do primeiro-ministro conservador Rishi Sunak a Paris em março. Na época, as duas capitais evocaram uma “compreensão renovada”.

A viagem de Charles III, cuidadosamente preparada pelos britânicos, tem por objetivo distender um pouco mais o ambiente – e os franceses entenderam esse objetivo. Para se ter uma ideia, durante o jantar em Versailles haverá até queijo inglês sendo servido aos convivas franceses e britânicos. Em 1940, o então primeiro-ministro britânico Winston Churchill já havia reconhecido a inegável fama francesa com a iguaria. Disse que um país “capaz de produzir 360 tipos diferentes [de queijos] não poderia morrer”.

Esses detalhes fazem parte do cenário que se criou para promover a reaproximação em vários setores, desde o mundo dos negócios às relações culturais e militares entre a França e o Reino Unido.

A rainha Camilla, que se saiu grande incentivadora da leitura desde o período da Covid, quando criou um clube do livro com o seu nome, tem encontro com a primeira-dama francesa, Brigitte Macron. Juntas, elas vão lançar um prêmio literário franco-britânico na Biblioteca Nacional, em Paris.

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