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Linha Direta

Submarino perdido: implosão pode ter acontecido no momento da perda de comunicação

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Na noite desta quinta-feira (22), veículos da imprensa americana divulgaram que a Marinha dos EUA detectou um forte barulho, que poderia ser de uma implosão ou explosão próximo de onde o submarino desapareceu, justamente no horário que ele perdeu comunicação, domingo pela manhã, cerca de 1h45mim após o início da expedição.

Durante coletiva à imprensa, na tarde desta quinta-feira, autoridades da Guarda Costeira dos EUA, confirmaram que o submarino sofreu uma implosão catastrófica.
Durante coletiva à imprensa, na tarde desta quinta-feira, autoridades da Guarda Costeira dos EUA, confirmaram que o submarino sofreu uma implosão catastrófica. AP
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Cleide Klock, correspondente da RFI em Los Angeles

O barulho foi captado usando dados de uma rede secreta de sensores subaquáticos projetados para rastrear submarinos hostis, conforme o jornal The New York Times. Mas sem outras indicações de uma catástrofe, a busca pelo submersível seguiu por mais quatro dias.

Durante coletiva à imprensa, na tarde desta quinta-feira, autoridades da Guarda Costeira dos EUA confirmaram que o submarino sofreu uma implosão catastrófica, mas declararam que ainda seria muito cedo para dizer o momento exato da implosão. Porém, já haviam admitido que não viam conexão entre os ruídos captados pelo sonar no início desta semana e a implosão, e que enquanto as equipes estavam no local, por 72 horas, não foi captado nenhum ruído que poderia representar uma implosão, deixando claro que o acidente deve ter ocorrido antes da instalação das boias de sonar.

De acordo com a Marinha dos Estados Unidos, foram localizadas cinco peças principais que faziam parte do Titan por um robô controlado remotamente (ROV - remote operated vehicle) que foi fundamental para o trabalho de resgate. Esses destroços estão a 4 mil metros de profundidade a cerca de 500 metros dos restos do Titanic, que era o destino dos cinco passageiros que foram declarados mortos.

Demora na notificação

O veículo perdeu a comunicação no domingo de manhã e apenas à noite a Guarda Costeira foi avisada. Provavelmente esse atraso aconteceu porque o submarino já havia ficado sem comunicação em outras expedições. Mas, especialistas criticaram esse atraso, já que a Guarda Costeira perdeu a oportunidade e também a luz do dia para ir ao local já no domingo.

A empresa OceanGate, responsável pela expedição, não comentou o motivo da demora e em comunicado, após o anúncio oficial da catastrófica implosão, disse lamentar a perda das vidas e exaltou o espírito de aventura compartilhado pelos cinco integrantes da missão.

Na página da empresa na internet, ainda estão sendo anunciadas as expedições com os submersíveis, tanto para visitar os destroços do Titanic quanto para passear nas profundezas do Oceano nas Bahamas e na Ilha dos Açores, em Portugal, para ver as fontes hidrotermais.

Inclusive a companhia chama a expedição de experimental e todos os passageiros precisam assinar um longo documento de que estão cientes disso, que pode haver acidentes e até morte. Nenhuma agência reguladora aprovou o equipamento e os especialistas levantam questões sobre até que ponto recursos de vários países deveriam ser investidos para recuperar expedições que não são certificadas e os próprios passageiros assumiram os riscos em prol de seu próprio entretenimento.

Semelhanças entre as tragédias

James Cameron, que dirigiu o filme "Titanic", de 1997, já fez 33 mergulhos aos destroços do navio, inclusive com um submersível, e declarou à rede ABC que viu semelhanças entre a tragédia do Titan e o naufrágio do famoso transatlântico. Ele falou que ficou "impressionado com a semelhança do desastre do Titanic em si, onde o capitão foi repetidamente avisado sobre o gelo à frente de seu navio e ainda navegou a toda velocidade", fazendo referência as diversas advertências dadas à empresa OceanGate.

Durante a entrevista, Cameron disse que era próximo do lendário pesquisador francês, conhecido como Mister Titanic, Paul-Henry Nargeolet. "Era meu amigo há 25 anos. É uma comunidade muito pequena. Que ele tenha morrido dessa forma trágica é quase impossível de processar", disse o cineasta à rede ABC.

Investigação e interrogações

A Guarda Costeira declarou que há muitas perguntas sem respostas que só uma investigação mais profunda poderá responder, mas ainda não está confirmada se haverá esta investigação. No momento, as equipes "estão focadas em documentar a cena, que deve ser analisada em uma revisão futura", anunciou a Guarda Costeira.

A implosão ocorreu em razão da pressão externa do mar ter superado a de dentro do submarino, mas o motivo pelo qual ocorreu neste momento - já que o veículo fez várias outras viagens - é a grande interrogação.

Nove embarcações envolvidas na força-tarefa e a equipe médica que havia sido enviada à missão, devem voltar às suas bases ao longo desta sexta-feira. Deve permanecer na área uma única embarcação equipada com veículos controlados remotamente para tentar recuperar os destroços do submersível Titan, com o apoio de um guindaste que possa puxar à superfície esses restos do veículo que estão a 4 mil metros de profundidade.

Segundo a Guarda Costeira, o "ambiente é incrivelmente complexo no fundo do mar", quando interrogados durante coletiva à imprensa sobre uma possível recuperação dos corpos das vítimas.

Na noite desta quinta, a Casa Branca agradeceu à Guarda Costeira dos EUA e aos parceiros internacionais pelos esforços de busca e resgate do submersível.

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