Na véspera da cerimônia, o clima de festa para a coroação de Charles III já começou em Londres
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Na véspera da primeira coroação de um monarca em 70 anos, o Reino Unido finaliza os últimos preparativos para a grande cerimônia que será assistida por milhões de pessoas mundo afora.
Vivian Oswald, correspondente da RFI em Londres
A capital inglesa finalmente está em clima de festa, na véspera da coroação do rei Charles III. Há duas semanas tudo parecia desanimado, mas nesta sexta-feira (5) as ruas terminam de ser enfeitadas, enquanto áreas inteiras da cidade estão sendo isoladas por motivo de segurança.
A área mais animada é o entorno do trajeto entre o Palácio de Buckingham e a Abadia de Westminster, por onde passarão o rei e a rainha antes de serem coroados e ungidos pelo Arcebispo da Cantuária.
O policiamento que não costuma ser muito visível em tempos normais foi reforçado, com contigentes trazidos de outras cidades do país e muita polícia montada.
Existe previsão de dezenas de milhares de pessoas circulando pelo centro de Londres durante os festejos. O acesso ao local da coroação será aberto às 6 horas da manhã (horário de Londres) e as pessoas vão entrar por ordem de chegada. A entrada será limitada. O mesmo deve acontecer com estações de metrô, que podem ser fechadas sem aviso prévio quando estiverem cheias demais.
Quem não conseguir entrar na área próxima ao palácio real será aconselhado a se dirigir aos principais parques da cidade, onde telões deverão transmitir a cerimônia em tempo real.
A procissão real
De acordo com o programa, às 10h20 de sábado, o rei e a rainha devem deixar o Palácio de Buckingham de carruagem. Eles vão quebrar o protocolo porque resolveram usar o modelo mais moderno de carruagem, o mesmo que a rainha Elizabeth II utilizou por ocasião do seu jubileu de 60 anos de reinado.
Mais moderna e confortável, a carruagem tem amortecedores hidráulicos, ar-condicionado e vidro elétrico. Diz-se que foi escolha de Charles III, que teria problemas de coluna.
O casal deve chegar pouco antes das 11 horas da manhã na Abadia de Westminster, onde terá lugar a cerimônia que se repete há 900 anos. Em vez dos trajes mais elaborados usados por seus antepassados, o monarca optou pelo uniforme militar. Faz parte de seus planos de simplificar o protocolo. Se tudo der certo, a missa começa às 11 horas em ponto.
Cerimônia com músicas e menos convidados
O rei escolheu 12 novas músicas que serão tocadas durante a cerimônia, entre elas um novo Hino da Coroação composto pelo britânico Andrew Lloyd Webber. Haverá também uma canção grega ortodoxa em homenagem ao pai, o príncipe Philip, morto aos 99 anos em 2021.
Da abadia, o rei e a rainha fazem o roteiro inverso de volta ao palácio, de onde devem acenar para as pessoas no final da tarde.
A cerimônia será acompanhada por cerca de 2 mil convidados, um quarto do número de convidados para a consagração de Elizabeth II. Isso faz parte da cerimônia mais sóbria prometida pela família real desta vez.
O palácio não divulgou uma lista com todos os nomes confirmados, mas além do presidente brasileiro, Lula, estarão também o presidente da França, Emmanuel Macron, o presidente da Polônia, Andrzej Duda e os chefes de governo da Austrália e do Paquistão, além do presidente das Filipinas.
O americano Joe Biden avisou por telefone a Charles III que não viria, mas está mandando a primeira-dama em seu lugar. Os Estados Unidos nunca enviarem chefes de Estado para coroações no Reino Unido.
O presidente chinês Xi Jinping declinou o convite e está enviando em seu lugar o vice-presidente Han Zheng, ex-líder do Partido Comunista chinês para Hong King durante a repressão aos protestos pró-democracia de 2019.
Consagração em meio à crise política
Embora as pessoas se mostrem empolgadas com a coroação, a persistente crise econômica que assombra o país é o maior motivo de preocupação da população neste momento. A inflação continua na casa dos dois dígitos há meses, mantendo-se no mais alto patamar dos últimos 40 anos, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) segue sem crescer.
Os movimentos de greve continuam fortes. Embora se tenha chegado a acordos com algumas categorias, professores, enfermeiros, médicos e funcionários ferroviários já disseram que não estão satisfeitos com as propostas feitas pelo governo. O momento político do país é delicado. Na quinta-feira, eleitores de diversos pontos da Inglaterra foram às urnas para escolher representantes para administrações regionais. A expectativa é de que deixem um recado claro de descontentamento para o governo conservador de Sunak. Esse é o grande teste da legenda da situação antes da eleição geral do ano que vem, que, segundo especialistas, deve tirá-la do poder.
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