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Linha Direta

Reino Unido: aumento de preços leva a racionamento de alimentos; crise tem impacto na saúde de britânicos

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Aumento de preços e mau tempo na África gera escassez de alimentos no Reino Unido e alguns supermercados estão racionando alguns produtos. Pesquisa da London School of Economics (LSE) salienta que crise reflete na saúde dos britânicos. 

Imagem de ilustração: clientes fazem compras em supermercado da rede Tesco, em Londres, em 10 de fevereiro de 2022.
Imagem de ilustração: clientes fazem compras em supermercado da rede Tesco, em Londres, em 10 de fevereiro de 2022. REUTERS - PAUL CHILDS
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Vivian Oswald, correspondente da RFI em Londres

Três tomates, três pepinos e três pimentões. Esta é, até segunda ordem, a quantidade máxima que o consumidor poderá comprar destes legumes em algumas das principais cadeias de supermercados da Inglaterra. A disparada dos preços de energia dentro no país e o mau tempo no norte da África, de onde vêm parte deles, fez com que desaparecessem das prateleiras.

Não se trata apenas de racionamento. Os preços também subiram. O do tomate quase dobrou nas últimas semanas em alguns estabelecimentos. Por uma razão ou outra, os alimentos continuam sendo os grandes vilões da inflação nacional. Bateram os 17,1%, um novo recorde, em um momento em que as pessoas têm dificuldades de fechar as contas do mês.

O índice geral cedeu um pouco, caiu para 10,1% ao ano em janeiro, contra os 10,5% registrados no mês anterior. Mas se mantém num patamar recorde para os últimos 40 anos. Os preços do que se consome no dia a dia, sobretudo o dos alimentos, continuam em alta. Ovos, margarina e leite estão entre os que mais subiram.

Emergência sanitária

As famílias continuam tendo que optar entre o que servem à mesa e o que pagam pela conta de energia. O inverno longo levou ao uso mais frequente de gás para o aquecimento. E as tarifas estão altas como nunca. Subiram 130% em um ano. Com muita gente tentando economizar, reduzir a calefação virou opção corrente. Mas acabou por elevar o número de casos de gripe e outras doenças respiratórias, assim como aumentou o consumo de medicamentos antigripais e antitérmicos.

A London School of Economics (LSE) salienta, em estudo recente, que a crise do custo de vida é uma emergência sanitária que compara à pandemia da Covid-19. A falta de acesso a itens essenciais como alimentos, aluguel, aquecimento e transportes, têm um amplo impacto negativo sobre a saúde mental e o bem estar das pessoas. Este é um dos destaques da pesquisa apresentada por Manon Roberts e Louisa Petchey sobre o impacto da crise sobre os cidadãos do País de Gales e as respostas necessárias.

O estudo confirma que a inflação afeta mais as famílias pobres, aumenta a obesidade e cria problemas de saúde mental importantes na população. Uma prova disso pode estar no último indicador revelado pela ONG GamCare, especializada no vício em jogos de azar. A entidade recebeu 17% de telefonas a mais em janeiro deste ano que no mesmo período do ano passado, o que atribui sobretudo aos efeitos da inflação. Os casos estão relacionados em sua maioria a jogos on-line. 

Greves continuam

Enquanto isso, as greves continuam por todo o país. Os funcionários do metrô anunciaram nesta quarta-feira novas paralisações para março. Uma delas prevista para o dia 15, data em que o governo conservador do primeiro-ministro Rishi Sunak deve apresentar o orçamento do ano.

Servidores públicos de 123 órgãos governamentais devem se juntar ao movimento, que promete aumentar a pressão sobre as autoridades enquanto fazem a previsão de gastos para o ano. Ferroviários também têm paralisações marcadas para alguns dias de março e abril, assim como médicos e paramédicos, que cruzarão os braços durante alguns dias de março.

As greves são sobretudo consequência da alta do custo de vida. Os trabalhadores querem ser compensados pelas perdas salariais provocadas pela inflação dos anos recentes.

Já há dados que apontam recordes de atendimentos a famílias que recorrem aos bancos de alimentos pelo país, entre elas as de aposentados e funcionários do sistema de saúde gratuito, o NHS na sigla em inglês. Cerca de 90% das entidades que administram esses bancos registraram aumento na demanda por ajuda. De acordo com o Escritório para Responsabilidade Orçamentária, órgão do governo, a renda disponível das famílias sofrerá uma queda de 4,3% entre 2022 e 2023, a maior da série histórica iniciada em 1956.

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