Guerra da Ucrânia é principal tema de reunião de líderes mundiais na Alemanha
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A guerra da Ucrânia é o assunto principal da Conferência de Segurança de Munique, encontro anual que começa nesta sexta-feira (17) no sul da Alemanha. E, pela segunda vez consecutiva, não haverá delegação russa presente neste que é o principal fórum mundial sobre estratégia de segurança.
Marcio Damasceno, correspondente da RFI em Berlim
A Rússia não foi convidada para o evento de três dias na capital da Baviera. No ano passado, houve o convite, mas o ministro do exterior russo, Serguei Lavrov, decidiu não ir a Munique. Quatro dias depois do fim do evento na Alemanha, a Rússia invadiu a Ucrânia.
No ano passado, Moscou não enviou uma delegação oficial a Munique pela primeira vez em 30 anos. O Kremlin alegou que o encontro tinha deixado de ter importância como um painel de visões globais, para se tornar uma reunião de aliados ocidentais com uma visão unilateral de mundo. A posteriori, analistas interpretaram a recusa russa como um sinal de que a decisão de lançar a invasão sobre a Ucrânia já estava tomada, já que ela ocorreu quatro dias depois do final do evento.
O encontro de 2022 ocorreu num momento em que tropas russas se acumulavam junto às fronteiras ucranianas e líderes ocidentais alertavam para as consequências que Moscou sofreria caso invadisse a Ucrânia
Dessa vez, os organizadores decidiram não convidar representantes de Moscou, afirmando que a medida visa evitar dar um palco para o discurso do presidente russo, Vladimir Putin, que continua, segundo eles, "negando o direito de existência da Ucrânia".
Nesta edição da conferência, os líderes mundiais têm que lidar com as consequências da decisão de Putin de ignorar os apelos ocidentais e começar essa guerra, a mais devastadora na Europa desde o fim da Segunda Guerra.
Eles têm que responder questões como a continuidade do apoio militar a Kiev, as possibilidades europeias para aumentar suas próprias capacidades militares e sobre até que ponto a Europa pode confiar nos Estados Unidos quando se trata da segurança do continente.
Presença dos principais líderes ocidentais
O encontro reúne, até o domingo, cerca de 150 representantes de governos do mundo todo, incluindo 45 chefes de Estado e de governo.
Além do chanceler alemão ,Olaf Scholz, e da ministra do Exterior da Alemanha, Annalena Baerbock, confirmaram presença em Munique o presidente francês, Emmanuel Macron, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, já chegou à Alemanha. Ela lidera a maior delegação americana já presente em Munique, que inclui o secretário de Estado Antony Blinken e um terço dos membros do Senado americano.
Outras presenças importantes são as do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg e do ministro do Exterior da Ucrânia, Dmytro Kuleba. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenski, não vem a Munique, mas discursa no evento por vídeoconferência.
Encontros e alto nível
Os encontros bilaterais e multilaterais são parte importante desse fórum em Munique. E a situação na Ucrânia vai ser ponto central nessas reuniões. Segundo informação da Casa Branca, Kamala Harris deve se reunir com o presidente francês, Emmanuel Macron, o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, para discutir os próximos passos para apoiar a Ucrânia no campo de batalha e para impor maiores custos à Rússia.
Kamala Harris também deve ter uma reunião com os primeiros-ministros da Finlândia e da Suécia, para expressar o apoio de Washington aos pedidos de adesão desses países à Otan e que atualmente entrentam entraves dos governos da Turquia e da Hungria.
Relação EUA-China
O chefe diplomacia chinesa, Wang Yi, confirmou presença em Munique. Isso levanta a possibilidadde de um encontro com o americano Antony Blinken.
A reunião aconteceria duas semanas depois que os Estados Unidos derrubaram um suposto balão espião chinês na costa da Carolina do Sul. O incidente levou Blinken a cancelar uma visita a Pequim e tensionou ainda mais as relações entre Estados Unidos e China. Mas o Departamento de Estado americano disse no início desta semana que nenhuma reunião entre os dois estava agendada em Munique.
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