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Linha Direta

Começa o julgamento de 10 acusados de atentados terroristas em Bruxelas

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O julgamento de dez acusados dos ataques terroristas de 22 de março de 2016 em Bruxelas, reivindicados pelo grupo Estado Islâmico, começou nesta quarta-feira (30) nos arredores da capital belga. Considerada uma das maiores tragédias vividas pela população do país, as explosões que atingiram o aeroporto de Zaventem e a estação de metrô de Maelbeek deixaram 32 mortos e mais de 340 pessoas gravemente feridas.

Policial protege documentos do processo na sala onde ocorre o julgamento em Bruxelas.
Policial protege documentos do processo na sala onde ocorre o julgamento em Bruxelas. REUTERS - POOL
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Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas

Quase sete anos depois dos atentados terroristas que deixaram a Bélgica em estado de choque e luto profundo, e para o alívio das vítimas e seus familiares, inicia-se o maior julgamento criminal já realizado no país, com duração prevista de pelo menos oito meses.

Entre os 10 acusados estão Salah Abdeslam, Mohamed Abrini, Sofien Ayari, Ossama Krayem, Ali El Haddad Asufi, Bilal El Makhoukhi, Hervé Bayingana Muhirwa, os irmãos Smail e Ibrahim Farisi, além do jihadista belga-marroquino Oussama Ahmad Atar, um dos coordenadores dos atentados de Paris e de Bruxelas a partir de seu refúgio na Síria. Atar teria sido morto em um bombardeio na fronteira do Iraque com a Síria e será julgado à revelia.

Entre os réus estão seis homens já condenados na França pelos ataques de novembro de 2015 em Paris. Dos quase 1 mil convocados pelo Ministério Público belga – testemunhas, vítimas e quem perdeu familiares nos ataques de Bruxelas –, 36 pessoas deverão ser sorteadas, nesta quarta-feira, para compor um júri popular, sendo que 12 serão efetivas e 24 suplentes.

Cabines polêmicas

A audiência preliminar do processo, que aconteceu no dia 12 de setembro passado, teve que ser adiada por causa da recusa de vários acusados em comparecer nas polêmicas cabines de vidro individuais e blindadas, comparadas a “gaiolas da vergonha” pelos advogados de defesa.

“A maneira como nós estamos sendo tratados é injusta”, reclamou Salah Abdeslam, um dos principais réus do caso. Em junho passado, Abdeslam foi condenado à prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional, pela Justiça francesa, por sua participação nos atentados coordenados de 13 de novembro de 2015 em Paris. “Não peço uma poltrona, só quero que não o tratem como um animal”, disse o advogado do jihadista.

Depois de semanas de atraso, a primeira audiência de instrução está marcada para a próxima segunda-feira (5), com novas cabines, que custaram aos cofres belgas € 235 mil. Com os modelos atuais, os réus poderão sentar em um espaço comum. Na parte envidraçada da cabine haverá duas aberturas – na altura de uma pessoa sentada, e outra, em pé – para que os acusados possam consultar seus advogados e se dirigir ao tribunal durante os interrogatórios.

Sequelas físicas e emocionais

O mega julgamento dos atentados em Bruxelas acontece na antiga sede da Otan, em Haren, nos arredores da capital belga. O edifício Justitia, que durante meio século funcionou como local das reuniões da aliança militar, foi transformado temporariamente em um complexo judicial de segurança máxima. No total, € 9,8 milhões foram investidos na infraestrutura.

Cerca de 370 testemunhas e vítimas serão ouvidas durante o processo; muitas delas ainda buscam tratamentos contra a depressão, outras convivem com sequelas físicas e emocionais. A lista de testemunhas inclui socorristas, policiais, paramédicos, bombeiros que atuaram na linha de frente, as vítimas sobreviventes dos ataques e parentes das vítimas falecidas. Quatro especialistas falarão sobre o contexto histórico e geopolítico na Síria e três psicólogos vão descrever como as repercussões dos atentados foram e estão ainda sendo vividas pelas vítimas.

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