Para analistas, mulheres se destacam no 1° debate entre presidenciáveis no Brasil
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No primeiro debate entre presidenciáveis, Simone Tebet (MDB/MS) e Soraya Thronicke (União Brasil/MS) se sobressaíram não pelas propostas apresentadas, mas pelo posicionamento firme e direto. Já Lula (PT) precisou rebater as acusações sobre as gestões petistas e Jair Bolsonaro (PL) se destacou de forma negativa pelo ataque verbal à jornalista Vera Magalhães. Ela perguntou sobre a queda da cobertura vacinal no país no atual governo.
Raquel Miura, correspondente da RFI em Brasília
“Bolsonaro se segurou no começo, mas depois escorregou vigorosamente no ataque à jornalista e mostrou que é mais do mesmo: machista e misógino e que não se controla quando a pergunta traz verdades que o incomodam”, afirmou o analista Melilo Diniz, do Portal Inteligência, em entrevista à RFI. “Lula que lidera a corrida, sabe que não pode errar. Ele segurou um pouco na retórica que estamos acostumados a ver. O destaque positivo do debate foi a dupla Simone e Soraya”, reiterou Diniz. Ele lembra que elas “dificilmente se tornarão competitivas neste pleito, mas marcam território”.
Na opinião do cientista político, Ciro Gomes (PDT) e Felipe D’Ávila (Novo), "não levaram a melhor" no debate, por motivos diferentes. Ciro traz vários dados e análises, disse, mas tem dificuldade em se conectar com o eleitor ao “usar uma linguagem difícil e análise numérica cada vez mais mirabolante”.
Segundo Melilo, D’Ávila foi o mais "apagado" ao apenas repetir as declarações em prol de um estado mínimo, sem avançar soluções para os problemas do país. O cientista político acha que o formato do debate televiso acaba permitindo o desfile de muitas informações "inventadas e dados manipulados pelos candidatos", sem que haja tempo de desmenti-los. Isso muitas vezes "transforma o debate presidencial em um teatro dos absurdos e cada um reverbera o que lhe convém", ressalta.
Embates
Uma das discussões se deu em torno do tema da corrupção, quando Bolsonaro perguntou se Lula estava querendo voltar para dar novamente prejuízos à Petrobras. Lula retrucou dizendo que seu governo assegurou as investigações e que Bolsonaro estava destruindo o Brasil.
Outro embate se deu entre Bolsonaro e Simone Tebet. A senadora questionou o fato de seu adversário ter defendido um torturador de mulheres e votado contra os direitos das trabalhadoras domésticas. “Por que tanta raiva contra as mulheres, candidato Bolsonaro?”. O militar se irritou afirmando que tais informações eram falsas, que ele sancionou vários projetos voltados para o público feminimo, mas que a mulher tem de pagar quando faz coisa errada. “Temos de parar com esse vitimismo, somos todos iguais”, disse o presidente.
Militância agressiva
Em um outro momento de divergência entre os candidatos, o nome do Novo questionou o bilionário fundo partidário. "Dinheiro que poderia ir para a saúde e a educação", disse D'Ávila. “Nem todo mundo tem a condição financeira que o senhor tem para fazer política. Sem a ajuda do fundo, as mulheres não chegariam a participar da política”, respondeu Soraya Thonicke.
Já Ciro Gomes criticou a agressividade das militâncias de Lula e Bolsonaro, afirmando que isso pode prejudicar muito a população. O petista afirmou esperar que “desta vez Ciro não vá a Paris”, em referência à viagem do candidato à Europa depois do resultado do primeiro turno em 2018. Lula sugeriu que ambos se sentem para conversar a fim de buscarem uma aliança para o Brasil. O ex-governador atribuiu a Lula e ao PT o surgimento do fenômeno Bolsonaro, diante das contradições econômicas e morais do sigla.
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