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Linha Direta

Palco da maior onda de calor das últimas décadas, Portugal deve registrar 45°C

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Especialistas alertam que onda de calor em Portugal deve ser uma das mais intensas das últimas décadas. Em algumas regiões, como o Alentejo, a temperatura deve chegar aos 45 graus nesta semana. Todo o território nacional também está sob risco elevado de incêndio. 

Cerca de 1.500 bombeiros foram mobilizados para controlar os incêndios na região central de Portugal.
Cerca de 1.500 bombeiros foram mobilizados para controlar os incêndios na região central de Portugal. AFP - PATRICIA DE MELO MOREIRA
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Fábia Belém, correspondente da RFI em Lisboa 

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) prevê dias extremamente quentes a partir desta terça-feira (12). “Algo nunca visto”, ressaltou André Fernandes, comandante Nacional de Emergência e Proteção Civil.

Os três grandes incêndios que devastaram parte das florestas portuguesas se concentraram nos distritos de Leiria e Santarém (centro) e Bragança (norte). Todos foram controlados, mas a Proteção Civil teme que haja uma reativação do fogo. “É preciso não baixar a guarda”, alerta Fernandes.

As chamas destruíram cerca de 5.500 hectares de floresta, e desde a última quinta-feira (7) há registros diários de dezenas de focos de incêndios. Somente na segunda-feira (11), foram 30. 

Por precaução, moradores de algumas aldeias foram retirados de suas casas. Muitos viram as chamas chegar quase à porta de casa. Outros perderam tudo o que tinham. Além de destruir 11 residências, o fogo causou a morte de animais e arrasou plantações. Quase 50 pessoas ficaram feridas. 

Para acompanhar a situação de perto, o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, cancelou a viagem que faria à Nova York, onde participaria de uma reunião do Conselho Econômico e Social da ONU. O primeiro-ministro António Costa adiou a visita oficial a Moçambique. 

Situação de contingência

O governo português declarou o que chama de "situação de contingência" em todo o território nacional a partir da meia-noite de ontem até às 23h59 da sexta-feira (15). Uma série de medidas foi adotada, como a proibição do acesso, circulação e permanência de pessoas nas áreas florestais. Também não estão permitidos fogos de artifício, fogueiras, queimadas e trabalhos com máquinas nas zonas rurais. 

A declaração permite que o governo português acione todos os planos de emergência e proteção civil, como a mobilização das Forças Armadas e o reforço do efetivo do Corpo de Bombeiros, que já conta com 1. 500 pessoas trabalhando nas áreas de risco de incêndios. 

Nesta época do ano, há muitas festas nas aldeias, peregrinos costumam atravessar caminhos nas áreas rurais, e alguns festivais de músicas são organizados para acontecer nas zonas de floresta. Alguns estão sob o risco de serem cancelados.

Tolerância zero

De acordo com a Proteção Civil, cerca de 60% dos incêndios em Portugal são provocados pela própria população. Diante desse dado, o presidente, o primeiro-ministro, além de representantes de entidades públicas e privadas que trabalham na preservação das florestas têm feito apelos diários para que as pessoas colaborem. 

O governo fala em” tolerância zero” para quem não respeitar as medidas impostas pela situação de contingência. Uma faísca, dizem todos, pode gerar um grande incêndio. 

Na segunda-feira, a polícia deteve um homem acusado de ter ateado fogo na floresta localizada na cidade de Ourém, no distrito de Santarém (centro). O incêndio de Ourém foi o mais longo, durou três dias e somente foi controlado ontem. Desde o começo deste ano, pouco mais de 40 pessoas foram presas acusadas de terem ateado fogo em áreas de floresta.

Combinação de fatores

As mudanças meteorológicas dos últimos dias são provenientes de uma massa de ar quente e seca que chegou do leste da Europa. No entanto, segundo as autoridades, o risco ainda mais elevado de incêndios, a partir desta terça-feira, deve-se a uma conjugação de fatores: altas temperaturas durante o dia, noites quentes com as temperaturas mínimas ficando acima dos 20°C, ventos fortes, baixa umidade do ar. Tudo isso associado a uma seca extrema pela qual passa o país este ano. 

A Comissão Europeia tem monitorado os incêndios no país e ativou o mecanismo europeu de proteção civil. Isso permitiu, por exemplo, disponibilizar dois aviões espanhóis para ajudar no combate ao fogo. Portugal já conta com 60 aviões e helicópteros envolvidos nas operações. A Comissão já avisou que pode reforçar o apoio caso haja um pedido das autoridades portuguesas.

Tragédia de Pedrógão Grande

O incêndio que aconteceu no verão de 2017 na vila portuguesa de Pedrógão Grande (centro) ficou marcado na memória nacional. O fogo deixou um rastro de destruição, provocou a morte de 66 pessoas e deixou 253 feridos

O governo garante que o país está preparado para evitar tragédias como aquela, mas o primeiro-ministro tem deixado claro que, para que o Estado português possa proteger o país, cada um precisa de ter atitudes de responsabilidade individual. Ele tem insistido em dizer que a partir do momento que um incêndio começa, os meios para combatê-lo “são sempre limitados”, por isso tem apelado à prevenção. 

Ao se referir à tragédia que aconteceu em Pedrógão Grande, o presidente ressaltou que Portugal  aprendeu a lição. Segundo ele, o país reúne melhores condições “para dar resposta mais rápida e mais eficiente”. Rebelo de Sousa também pediu a colaboração de todos: “façam tudo o que puder”.

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