Bruxelas está em alerta máximo em dia de protesto contra restrições da pandemia
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O movimento de protesto contra as restrições sanitárias adotadas para combater a propagação da Covid-19, inspirado nas recentes manifestações dos caminhoneiros no Canadá e autodenominado “comboio da liberdade”, chegou nesta segunda-feira (14) a Bruxelas. As autoridades belgas, que proibiram a entrada na cidade dos carros e caminhões ligados ao movimento, estão em alerta máximo.
Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas
Depois dos protestos em Paris, onde a polícia prendeu quase 100 manifestantes e multou mais de 500 pessoas por desrespeito ao decreto que proibia a entrada da caravana na capital francesa, o “comboio da liberdade” seguiu rumo a Bruxelas. Desde ontem, a polícia belga controla as vias de acesso à capital europeia e as grandes rodovias do país, principalmente as que fazem fronteira com a França.
O governo da Bélgica proibiu qualquer manifestação com carretas, carros, trailers, camping-cars e caminhões até a manhã da terça-feira, para impedir um bloqueio da circulação em Bruxelas. No entanto, a polícia belga reservou uma grande área de estacionamento nos arredores da cidade para os motoristas que quiserem manifestar com seus veículos. Apesar da polícia não conseguir estimar o número de pessoas que deve participar dos protestos desta segunda-feira, a expectativa é de que milhares de ativistas antivacinas vindos de várias partes da Europa, não apenas da França, participem.
A circulação de automóveis em torno de Bruxelas foi desaconselhada. Os veículos que prejudicarem intencionalmente o trânsito serão multados e atos de rebelião contra policiais podem render condenações de 6 meses a 10 anos de prisão, em casos graves.
Raiva e indignação contra UE
O protesto em Bruxelas, marcado para começar ao meio-dia desta segunda-feira, 8 horas da manhã no horário de Brasília, deve sair do Parque do Cinquentenário e seguir em direção à área onde ficam as instituições europeias, a apenas 300 metros de distância.
Por meio do Facebook e do Telegram, os organizadores da manifestação, que não têm nenhuma ligação com as entidades de classe dos caminhoneiros na Europa, seguem ignorando as orientações das autoridades. Eles continuam convocando as pessoas a demonstrarem nas ruas a raiva e a indignação contra os governos que impuseram restrições sanitárias, como o passaporte vacinal e os lockdowns nacionais no continente. Segundo os manifestantes antivacinação, a União Europeia é a maior responsável pelo controle das medidas sanitárias nos países do bloco.
Movimento importado do Canadá
No final de janeiro, há pouco mais de duas semanas, os caminhoneiros que circulavam entre os Estados Unidos e o Canadá começaram a criticar o governo canadense que passou a exigir passaporte vacinal para que eles pudessem atravessar a fronteira entre os dois países. Opositores militantes críticos às medidas sanitárias para conter a pandemia se uniram à categoria, dando força ao movimento. O epicentro dos protestos é em Ottawa, capital do Canadá, onde, desde então, os caminhoneiros ocupam a área central da cidade pressionando o governo do primeiro-ministro Justin Trudeau a relaxar as exigências vacinais e terminar com o distanciamento social.
O movimento batizado de “comboio da liberdade” se espalhou por outras cidades como Vancouver, Montreal e Toronto. Os protestos vem sendo financiados por simpatizantes americanos. No entanto, neste domingo (13), com autorização judicial, a polícia conseguiu desbloquear a ponte Ambassador dispersando os caminhoneiros de maneira pacífica. Neste final de semana, os canadenses contrários ao movimento também saíram às ruas para pedir o fim do bloqueio e das ocupações.
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