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Linha Direta

Elizabeth II completa 70 anos de reinado no Reino Unido e prepara sucessão

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“Eu preciso ser vista para que acreditem que eu existo”, disse, certa vez, a rainha Elizabeth II a seu biógrafo. Neste domingo (6), a monarca completa 70 anos de reinado, seu jubileu de platina. Será um ano de comemorações, com direito a feriadão de quatro dias, num país onde os feriados são escassos.

70º aniversário da ascensão da rainha britânica Elizabeth II ao trono após a morte de seu pai George VI
70º aniversário da ascensão da rainha britânica Elizabeth II ao trono após a morte de seu pai George VI AP - AP Illustration
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Vivian Oswald, correspondente da RFI em Londres

Nas últimas sete décadas, ela se tornou uma das personalidades mais conhecidas do mundo e a mais popular do Reino Unido. Agora, começa a sair de cena e vem abrindo caminho para as gerações mais jovens da família real.

A rainha deve passar o fim de semana em Sandringham, uma das propriedades reais, como sempre faz nos aniversários da coroação. As comemorações devem ocorrer o ano inteiro por todo o país. Haverá até um longo feriado de quatro dias em junho.

Ainda não se sabe qual será a participação da monarca nos festejos, o primeiro jubileu sem o marido Philip. O duque de Edimburgo morreu em abril do ano passado, aos 99 anos.

Elizabeth II será a primeira monarca a completar 70 anos de reinado. Ele fará 96 anos no dia 21 de abril.

A preocupação com a imagem da monarquia sempre esteve presente na família real, sobretudo num mundo em que as desigualdades sociais cresceram. Elizabeth II foi figura constante na mídia, retratada em pelo menos 100 filmes e dezenas de peças de teatro. Foi interpretada por grandes nomes do cinema, como Helen Mirren e Olivia Colman, e até por ela própria, quando a monarca se encontra com ninguém menos do que James Bond (vivido por Daniel Craig), no palácio de Buckingham, para partirem juntos de helicóptero para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.

A rainha também foi tema de programas de televisão, livros e memes. Muitos súditos, ou não, têm a impressão de conhecê-la tão bem, que não economizam análises sobre a sua vida, que acompanham como quem segue um folhetim.

É exatamente isso o que ela queria, afinal, Elizabeth II representa nada menos do que a nação. Mas a exposição nem sempre foi positiva, em meio a tantos escândalos. O ano de 1992 foi chamado pela própria rainha de "annus horribilis", depois dos divórcios dos seus três filhos.

Redes sociais catapultaram exposição

A verdade é que a estratégia de comunicação teria sido perfeita se o ser humano também fosse. A imagem da família ideal nem sempre foi aquela passada para o público. Pouco se sabe sobre o que pensa de fato esta mulher reservada, que cumpre seu papel constitucional de não se meter na política. Mas muito se especula sobre ela e a vida dos filhos e netos.

A estratégia de relações públicas se complicou com o avanço da internet. Não se trata mais de lidar com fofocas de corredor, mas com posts vindos de toda parte. O ano de 2020 também foi ruim para os Windsor, quando o neto mais novo, Harry, filho do príncipe Charles, se afastou da coroa e dos afazeres oficiais. O escândalo sexual envolvendo o príncipe Andrew, que perdeu seus títulos reais recentemente, também jogou uma imensa sombra sobre a família.

Abdicação não estaria nos planos

No final do ano passado, a rainha cancelou compromissos oficiais por questões de saúde, o que levantou dúvidas sobre as suas condições seguir com a agenda de sempre e gera especulações sobre a sucessão. Os analistas especializados acham difícil que ela venha a abdicar, como fizeram outros monarcas na Bélgica, Holanda, Japão e Espanha.

Segundo o historiador da realeza Ed Owens, Elizabeth II vem saindo de cena e dando palco para as gerações mais jovens. O príncipe Charles começou a ter liderança entre os Windsor e ganhar cada vez mais tarefas. Ele e William, o filho mais velho, têm viajado para eventos diplomáticos, visitas a chefes de Estado e conduzido parte importante da agenda.

Owens afirma que a abdicação acontece por duas razões: quando se quer passar o bastão para as gerações mais jovens, ou porque a instituição está em momento ruim. Aconteceu na Espanha, onde a realeza estava envolvidas em inúmeros escândalos.

No caso da família real britânica, diz, é diferente. Sabe-se que a abdicação é considerada uma palavra feia, depois que Eduardo VIII desistiu do trono para se casar com a americana Wallis Simpson. Mas Ownes não descarta que, se os problemas de saúde da rainha se complicarem, seja criada uma espécie de regência, com aconteceu com George III. O príncipe regente foi o filho mais velho, o príncipe de Gales, que após a morte do pai tornou-se o rei George IV.

Espaço para William e Kate

O fato é que Elizabeth II já vem “preparando a casa” para o futuro, segundo Owens, que é autor do livro "The Family firm" (A firma da família, em tradução livre), que ainda não tem tradução para o português mas pode ser baixado gratuitamente na internet. A duquesa de Cambridge, Kate Middleton, mulher do príncipe William, o segundo a linha de sucessão foi apresentada em fotos cheias de simbolismo por ocasião do seu aniversário de 40 anos.

Kate só perde em popularidade para a própria rainha e para o marido, William, e está sendo apresentada como a nova cara da monarquia, embora a regra determine que a próxima rainha consorte seja Camila Parker Bowles, a mulher do príncipe Charles.

Nos últimos anos, o Palácio de Buckingham deixou a cargo de William e Harry a responsabilidade de construir a nova imagem da monarquia. Segundo Owen, a rainha percebeu que eles eram o futuro e deu a eles o palco para que atuassem. De 2010 a 2020, quando Harry deixou a corte, essa foi a estratégia para levar a instituição adiante. Os irmãos também foram chave para reabilitar a imagem de Charles. Nesse meio tempo, Kate é a imagem da mãe de família perfeita, ciosa dos afazeres domésticos e reais.

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