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Linha Direta

Variante ômicron gera crise sem precedentes no setor do turismo da Terra Santa

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O Natal de 2021 na Terra Santa é novamente afetado pela pandemia de Covid-19. A restrição a entrada de estrangeiros devido à variante ômicron está levando o setor turístico israelense e palestino a uma crise sem precedentes em cidades bíblicas como Belém, Jerusalém e Nazaré. 

Família faz uma selfie em frente à uma árvore de Natal em Nazaré, em Israel.
Família faz uma selfie em frente à uma árvore de Natal em Nazaré, em Israel. AP - Oded Balilty
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Daniela Kresch, correspondente da RFI em Tel Aviv

Há apenas um mês, havia otimismo no ar depois de quase dois anos sem turistas e um Natal vazio, em 2020. Os guias turísticos e os proprietários de hotéis esperavam uma temporada bem melhor, mesmo que ainda não a níveis pré-pandêmicos, já que milhares de estrangeiros haviam feito reservas para comemorar as festas de fim de ano em cidades israelenses e palestinas.

Tudo corria como o esperado, afinal, Israel havia reaberto suas fronteiras para visitantes estrangeiros em 1° de novembro, após meses de fechamento. Nesse clima de otimismo, a tradicional Árvore de Natal de Belém, que fica na Praça da Manjedoura - bem em frente à Igreja da Natividade, local onde, segundo a tradição cristã, Jesus nasceu - foi inaugurada em 4 de dezembro com toda a pompa e fogos de artifício. 

No entanto, a variante ômicron mudou completamente a situação. A Terra Santa se prepara novamente para um Natal sem visitantes estrangeiros depois que Israel fechou novamente as fronteiras do país em 28 de novembro, menos de um mês depois da abertura. O objetivo foi evitar a propagação da variante ômicron na região. 

O fechamento não poderia ter acontecido em um momento pior. O resultado é que cidades turísticas como Belém, Jerusalém e Nazaré estão novamente vazias. 

Setores paralisados

A realidade da pandemia de Covid-19 destruiu os planos de comerciantes, guias, donos de restaurantes e trabalhadores em geral do setor hoteleiro, tanto em Israel como na Palestina. Eles contavam com uma enxurrada de turistas para o Natal e o Ano Novo, mas isso não vai mais acontecer. 

Ainda há turismo interno porque os governos israelense e palestino não decretaram, pelo menos por enquanto, um novo lockdown. Ou seja, quem está na região pode sair e visitar locais sagrados. Mas turistas estrangeiros – a grande maioria dos peregrinos – não podem entrar em Israel e, consequentemente, em cidades palestinas como Belém, na Cisjordânia.

Os palestinos não têm aeroporto próprio, então dependem do único grande aeroporto internacional da região, o Ben Gurion, nos arredores de Tel Aviv. O resultado é um pessimismo generalizado, principalmente em Belém, que vive do turismo internacional. 

Em 2019, 1,5 milhão de pessoas visitaram Belém, o que as autoridades disseram ser um recorde.  Os hotéis alcançaram 100% de lotação durante o mês de dezembro. Mas em 2020 a pandemia afetou profundamente a temporada de festas e levou muitos comerciantes da Praça da Manjedoura e arredores a fecharem suas portas. Agora, a esperança de um Natal melhor em 2021 foi por água abaixo.

Do lado israelense o estrago também é grande. Em 2019, Israel havia recebido o maior número de visitantes de sua história. Foram nada menos do que 4,5 milhões de turistas – grande parte deles peregrinos cristãos que também visitaram Belém, ajudando na indústria do turismo palestina. Só em dezembro daquele ano, desembarcaram 350 mil turistas para comemorar as festas de fim de ano, incluindo Natal, Ano Novo e Chanucá – a festa judaica das luzes. 

Em 2020, no entanto, o número de turistas durante o ano todo ficou em menos de 1 milhão, isso porque janeiro e fevereiro ainda foram meses normais. Em dezembro do ano passado, Israel estava em lockdown, enfrentando uma terceira e severa onda de Covid-19, então não houve nem turismo interno. 

No Natal de 2020, as celebrações foram canceladas até mesmo aos 2% de cristãos do país, que foram privados de procissões, missas na Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, e da Anunciação, em Nazaré. Também não houve festas de Réveillon em bares e restaurantes.

Este ano, a expectativa em Israel era grande para uma recuperação, assim como entre os palestinos. Mas a variante ômicron embaralhou todas as cartas. 

Variante ômicron em Israel

O primeiro caso de ômicron foi descoberto em Israel no fim de novembro. Hoje, o país registra mais de 175 casos, mas todos os especialistas acreditam que há muitos casos não detectados e que os números devem aumentar exponencialmente nos próximos dias.

Para evitar o registro de novas contaminações no país, além de proibir a entrada de turistas estrangeiros, Israel está expandindo todos os dias uma lista de “países vermelhos”. Isso significa que os israelenses não podem viajar para esses países, a não ser que tenham uma autorização especial. Os cidadãos que voltarem dessas nações precisam cumprir quarentena de sete dias e realizar vários testes para detectar se estão ou não infectados.

Na segunda-feira (20), a lista passou a incluir Estados Unidos, Canadá e Alemanha. Quase todos os países da Europa, incluindo Portugal, França e Inglaterra, além de toda a África, já faziam parte desta restrição há alguns dias. O Brasil ainda não está na lista.

Em pronunciamento à nação, o primeiro-ministro Naftali Bennett, afirmou que “a quinta onda de coronavírus começou”. Ele pediu para que os hospitais reabram seus departamentos de Covid-19 e as empresas voltem a pedir que seus funcionários trabalhem de casa. Bennett também apelou aos israelenses que evitem aglomerações nas festas de fim de ano, se imunizem com a terceira dose e vacinem seus filhos de 5 a 11 com as duas primeiras.

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