Candidato de Merkel não convence e 1° debate confirma favoritismo de social-democrata na Alemanha

A quatro semanas das eleições, os três favoritos a suceder a chanceler Angela Merkel na chefia do governo da Alemanha se encontraram para um primeiro debate na televisão. Transmitido em horário nobre neste domingo (29/08), o programa deu início à fase final de uma campanha que tem sido marcada nas últimas semanas por uma acentuada queda do candidato de Merkel nas pesquisas.

A quatro semanas das eleições, os três favoritos a suceder a chanceler Angela Merkel na chefia do governo da Alemanha se encontraram para um primeiro debate na televisão. Annalena Baerbock, Armin Laschet e Olaf Scholz via REUTERS - MICHAEL KAPPELER

Marcio Damasceno,correspondente da RFI em Berlim

Até pouco tempo considerado o favorito para ganhar a eleição, o candidato do partido conservador de Merkel, Armin Laschet, se apresentou mais agressivo do que de costume, partindo para o ataque. Com popularidade em baixa, o candidato conservador está visivelmente pressionado pelas pesquisas de intenção de voto nas quais registra uma forte queda há semanas. O recuo fez com que Laschet praticamente perdesse a liderança nas sondagens nas últimas semanas para o social-democrata Olaf Scholz. Dependendo da pesquisa, Laschet empata com Scholz ou fica até mesmo atrás dele.

Uma enquete publicada nesse domingo pelo jornal Bild mostra que Armin Laschet só consegue 21% das intenções de voto. Isso é uma perda considerável em relação ao começo do ano, quando ele tinha 34%. Olaf Scholz está na frente, com 24%. A candidata verde Annalena Baerbock ocupar o terceiro lugar, com 17%.

Vitória de Scholz

A agressividade de Laschet no debate parece não ter surtido muito efeito. Uma sondagem do instituto Forsa divulgada pouco depois do evento pela emissora de televisão RTL indica vitória de Olaf Scholz. O social-democrata foi considerado o candidato mais convincente por 36% dos entrevistados. Depois vem a candidata verde, Annalena Baerbock, com 30%. Só 25% dos telespectadores acharam Armin Laschet mais persuasivo.

Olaf Scholz também foi considerado mais simpático por 38% dos entrevistados, contra apenas 22% para Armin Laschet.

Estilo Merkel

Embora seja um candidato que não consiga despertar entusiasmo, o social-democrata inspira confiança nos eleitores por causa de sua experiência governamental. Olaf Scholz é o atual ministro das Finanças, enquanto seus rivais não têm um cargo no governo federal.

Muitos também atribuem o sucesso dele agora nas pesquisas ao estilo discreto como político, que lembra Angela Merkel. A revista Der Spiegel chegou a dizer que "Olaf Scholz é merkelizado". Com um perfil moderado, o social-democrata tenta aparecer como o único verdadeiro herdeiro da chanceler, que não vai concorrer à eleição dessa vez e vai se despedir da política depois de 16 anos no poder.

Olaf Scholz também tem cometido menos erros durante a campanha, do que seus adversários. Tudo indica que o candidato social-democrata tem boas chances de se tornar o próximo chefe de governo da Alemanha. Mas segundo as pesquisas, ele não conseguiria governar sozinho.

Fator de instabilidade

Qualquer que seja o resultado da votação, prevista para o dia 26 de setembro, o próximo governo pode ser bastante complicado de se formar. Segundo as recentes sondagens, não dois, mas três partidos seriam necessários para obter a maioria no Parlamento, indicando uma infinidade de coalizões possíveis.

Se as previsões se confirmarem, seria a primeira vez desde os anos 1950 que um governo da Alemanha seria formado por três partidos. Isso poderá contribuir como um fator de instabilidade na política do país. E isso é exatamente a coisa de que os alemães menos gostam.