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Linha Direta

Biden aposta na diversidade, com mulheres, negros e latinos no gabinete

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A poucas semanas de sua posse, Joe Biden está cumprindo a promessa de campanha de ter o gabinete presidencial mais diverso da história americana ao selecionar representantes de minorias para cargos de destaque. Nesta semana, ele ainda deve oficialmente nomear o general aposentado Lloyd Austin como secretário de Defesa. Se confirmado pelo Senado, ele será o primeiro negro a comandar o Pentágono. 

O general aposentado do exército Lloyd Austin, mostrado aqui em 2016 quando ainda estava em serviço, foi escolhido pelo presidente eleito Joe Biden para ser secretário de Defesa, mas ainda precisa ser aprovado pelo Senado.
O general aposentado do exército Lloyd Austin, mostrado aqui em 2016 quando ainda estava em serviço, foi escolhido pelo presidente eleito Joe Biden para ser secretário de Defesa, mas ainda precisa ser aprovado pelo Senado. Brendan Smialowski AFP
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Por Ligia Hougland, correspondente da RFI em Washington

Mas o presidente-eleito democrata ainda pode encontrar obstáculos às suas nomeações, tanto por parte dos republicanos - que ainda podem manter a maioria do Senado e, portanto, não aprovar os nomes selecionados-, quanto de membros da ala progressista do seu próprio partido.

Os nomes até agora selecionados sugerem claramente que o presidente eleito pretende se afastar da política de tom isolacionista promovida por Donald Trump, de sempre e abertamente colocar os Estados Unidos em primeiro lugar.

Isso pode ser visto na escolha de Tony Blinken como secretário de Estado, que deve voltar a fortalecer instituições com tendências mais globalistas, como Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), e de Linda Thomas-Greenfield, como embaixadora dos Estados Unidos na ONU.

Esse cargo teve menos peso no governo Trump, mas agora voltará a fazer parte do Conselho de Segurança Nacional. Thomas-Greenfileld, inclusive, já anunciou a volta da diplomacia na política externa americana.

Nomeação simbólica

Apesar de todos os nomeados anunciados até agora por Biden fazerem parte da elite política de Washington, com a maioria tendo até mesmo participado do governo de Barack Obama, é evidente que Biden está tentando satisfazer a promessa de ter uma Casa Branca com um gabinete histórico em termos de diversidade.

Nesta semana, o presidente-eleito ainda deve nomear oficialmente o general aposentado Lloyd Austin como secretário de Defesa. 

Outros negros já tiveram posições importantes no governo americano, mesmo antes de Obama ocupar a Casa Branca por oito anos. Exemplos disso, são Colin Powell e Condoleezza Rice. Ambos foram secretários de estado do republicano George W. Bush. Mas, sem dúvida, a nomeação de Austin para comandar as forças armadas é simbólica.

Pioneiros

Outras nomeações pioneiras são a de Xavier Becerra como secretário de Serviços de Saúde e Humanos, que pode ser o primeiro latino a ocupar o posto. Janet Yellen, como secretária do Tesouro, e Avril Haines, como diretora de Inteligência Nacional, podem ser as primeiras mulheres a ocuparem esses postos.

Além disso, Biden deve nomear a deputada Marcia Fudge como secretária de Habitação e Desenvolvimento Urbano (HUD), que pode vir a ser a primeira mulher negra na chefia desse departamento.

Biden está tendo de encontrar um equilíbrio complicado ao selecionar membros do seu gabinete. Ele foi escolhido como candidato do partido justamente por não ser uma figura polêmica, pois faz parte de Washington há quase 50 anos e sempre foi visto como um democrata que promove políticas de centro.

Ala progressista

A ala progressista do partido queria um candidato mais revolucionário, como o senador socialista Bernie Sanders. Mas para que os democratas tivessem mais chance de chegar à Casa Branca, os membros mais de esquerda do partido precisaram se conformar com Biden, ficando subentendido que o seu apoio seria recompensado, caso ele fosse mesmo eleito. Agora, há, inclusive, uma pressão para que Bernie seja nomeado secretário do trabalho.

Mas Biden corre o risco de não ter confirmações, se selecionar nomes muito de esquerda, especialmente se os republicanos continuarem a ter a maioria no Senado.

A liderança do Senado somente será decidida com a eleição de dois senadores pelo estado da Geórgia, que será realizada em 5 de janeiro.

Obstáculos para Austin

Além disso, é preciso que o Congresso autorize uma exceção a uma lei que determina que é preciso estar afastado das Forças Armadas por pelo menos sete anos para ser nomeado secretário de Defesa.

Austin está aposentado há apenas quatro anos. Apesar de isso ter sido concedido ao primeiro secretário de defesa de Trump, Jim Mattis, agora mesmo alguns democratas no Congresso parecem não estar inclinados a repetir a exceção, pois preferem que o Pentágono tenha uma liderança não exclusivamente militar.

Além disso, alguns membros da ala da progressista não escondem que prefeririam que o cargo fosse para Michèle Flournoy, que foi subsecretária de defesa para política de Obama. Se nomeada por Biden, Flournoy pode vir a ser a primeira mulher a comandar o Pentágono.

 

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