Acessar o conteúdo principal
Esporte em foco

Primeira semana da Eurocopa teve "Coca gate”, Eriksen ressuscitado e torcedores turistas

Publicado em:

As emoções da Eurocopa 2021 vão muito além da bola na rede. Nesta primeira semana da competição, a maior polêmica ocorreu fora dos gramados. Os jogadores têm o direito de se manifestar contra os interesses dos patrocinadores do evento?

Cristiano Ronaldo retirou duas garrafas de refrigerante da sua frente antes de iniciar uma coletiva de imprensa na Euro 2021.
Cristiano Ronaldo retirou duas garrafas de refrigerante da sua frente antes de iniciar uma coletiva de imprensa na Euro 2021. Handout via REUTERS - HANDOUT
Publicidade

Quem levantou a questão, propositalmente ou não, foi o craque português Cristiano Ronaldo – que, diga-se de passagem, é a maior estrela planetária das redes sociais. Instantes antes de uma entrevista, o jogador tomou o cuidado de afastar duas garrafinhas de Coca-Cola da sua frente e ressaltar que bebe água. Bastaram poucos segundos para a discussão ser lançada, ganhando até o apelido de “Coca gate”.

Na sequência, outros jogadores seguiram o exemplo de Cristiano Ronaldo: Paul Pogba com uma cerveja Heineken e o italiano Manuel Locatelli com outra Coca-Cola. As duas marcas de bebidas estão na lista de patrocinadoras da Eurocopa 2021.

"O impacto destes gestos levanta a questão dos patrocinadores em relação aos verdadeiros atores do jogo. A Coca Cola e a Heineken colocaram entre € 40 e 50 milhões para patrocinar a competição, mas através destes gestos, mesmo que os organizadores providenciem certos direitos e visibilidade, eles são questionados pelos próprios jogadores”, pontua o economista Vincent Claudel, especialista em futebol da consultoria Ineum. "É uma questão que talvez esteja colocada sobre o futuro do patrocínio."

A RFI ouviu outro especialista em marketing esportivo, Gérard Coudert, presidente do Centro de Direito e Economia do Esporte (CDES) da Universidade de Limoges, na França. Ele segue o mesmo raciocínio: "A superexposição midiática faz com que os menores gestos sejam julgados e repercutam nas marcas patrocinadoras. É algo que nunca passou pela cabeça da Uefa”, observa.

"Ela assinou esses contratos, que envolvem ela mesma e seus patrocinadores. Mas não acredito que neste documento esteja estipulado que os jogadores não possam fazer absolutamente nada que comprometa a imagem dos patrocinadores. Acho que, se até agora, esse aspecto nunca foi abordado, amanhã ele passará a ser. É algo totalmente novo”, ressalta Coudert.

Também teve quem preferiu aproveitar a situação para atrair ainda mais patrocínio, como o atacante húngaro Andriy Yarmolenko. Ele brincou numa coletiva, trazendo todas as garrafinhas em volta para perto de si, e disse: “Eu vi o Ronaldo fazendo isso e tive vontade de fazer. Coca Cola, Heineken, me liguem!” Até agora, nenhuma das marcas se posicionou sobre toda a polêmica.

Torcedores-turistas

A Eurocopa também está sendo a primeira grande ocasião para os turistas europeus aproveitarem a flexibilização das medidas sanitárias, agora que a Covid-19 recuou no bloco. Os jogos acontecem em 11 países diferentes, para marcar os 60 anos da criação do campeonato.

A situação ainda está longe da ideal, com uso de máscaras, estabelecimentos fechados e sem as tradicionais e animadas fan zones. Mas depois de meses trancados em casa, os torcedores aproveitam essa oportunidade para trocar um pouco de ares.

E já tem torcedor acompanhando a sua seleção, onde ela estiver. No caso dos franceses, o fim de semana se passa na capital húngara, Budapeste. Os irmãos Jeremy e Antoine estavam animados para conhecer melhor o leste europeu, graças à Euro 2021.

"Vi que tem uma praia a 30 minutos daqui. Talvez a gente vá dar uma olhada. Tem também o Bastião dos Pecadores, um monumento lá no alto”, explicou Jeremy. "Pegamos um grande apartamento. Estamos vivendo que nem os húngaros, com uma vista magnífica do Parlamento e da cidade”, contou Antoine, à reportagem da RFI.

Para viajar dentro da Europa, é preciso apresentar um certificado de vacinação contra a Covid-19 ou um teste negativo para a doença, feito há menos de 48 horas.

Futuro de Eriksen no futebol é incerto

As imagens do meia dinamarquês Christian Eriksen, que perdeu a consciência aos 43 minutos da partida entre a Dinamarca e a Finlândia, no sábado passado, chocaram os telespectadores. Retirado do campo após longos minutos de convalescência, por uma parada cardíaca, o jogador permanece hospitalizado e as suas perspectivas para o futuro, por enquanto, não são animadoras.

Hospitalizado, Christian Eriksen agradeceu ao apoio dos fãs, após sofrer uma parada cardíaca em campo.
Hospitalizado, Christian Eriksen agradeceu ao apoio dos fãs, após sofrer uma parada cardíaca em campo. © chriseriksen8

Ao longo da semana, a equipe médica que atendeu o craque explicou que ele “morreu e foi ressuscitado" ali mesmo, no gramado. Eriksen terá de fazer um implante de um desfibrilador cardíaco no peito.

Na quinta-feira, a Dinamarca voltou ao campo, contra a Bélgica, no estádio de Parken, em Copenhague – a poucos metros de onde Eriksen está internado, como comentou o treinador Kasper Hjulmand logo antes da partida. "Tenho certeza que ele vai acompanhar o jogo. Da janela, talvez ele possa ver o estádio, portanto, ele pode provavelmente ouvir tudo, onde ele está. É uma situação bem maluca”, disse o treinador.

No começo do jogo, tudo parou por um minuto para homenagear o jogador. Ninguém pode garantir que o camisa 10 da seleção poderá voltar a jogar. Ele tem contrato com a Inter de Milão e, na imprensa italiana, cardiologistas especializados no esporte asseguram que a possibilidade de um jogador profissional atuar com um desfibrilador cardíaco está fora de cogitação.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.