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Esporte em foco

"Quero ficar entre os 7 melhores do mundo", diz Ymanitu Silva após ser vice-campeão em Roland Garros

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Maior expoente do tênis em cadeiras de rodas do Brasil, o catarinense Ymanitu Silva conseguiu uma de suas maiores proezas na carreira durante esta semana, em Roland Garros. Ele foi vice-campeão do torneio de duplas, resultado que o motiva ainda mais a atingir a meta de ficar entre os sete melhores do mundo até o final da temporada.

Ymanitu Silva durante a final de duplas de cadeiras de roda da categoria quad em Roland Garros.
Ymanitu Silva durante a final de duplas de cadeiras de roda da categoria quad em Roland Garros. © RFI/Elcio Ramalho
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Elcio Ramalho, de Roland Garros

Atualmente, Ymanitu é o 11° do ranking, o que lhe garante convites para participar de torneios importantes como o do Grand Slam francês. “A minha técnica mostrou que estou evoluindo e conseguindo jogar em alto nível”, justifica o tenista que treina em Itajaí.

Pela primeira vez o torneio de Roland Garros dividiu o torneio para os cadeirantes em duas categorias, open e quad. A diferença é que na quad os atletas têm menos mobilidade nos membros superiores. É o caso de Ymanitu, que sofreu um acidente de carro, ficou paraplégico e recuperou lentamente os movimentos do braço, mas ficou com o tronco comprometido. O catarinense elogiou a decisão do torneio de separar as duas categorias.

“A categoria quad sempre teve uma chave pequena, de apenas quatro jogadores, com os três melhores do ranking e um convidado. Como o nível do quad aumentou muito e a qualidade dos jogadores também, os Grand Slams decidiram criar a categoria, pois hoje podem oferecer bons jogos ao público, e é isso que importa”, explica.

Mais torneios no circuito 

Ymanitu foi convidado pela segunda vez pelo torneio de Roland Garros, mas sua intenção é entrar nas chaves futuramente pelo ranking. Atualmente ele é o 11° e para melhorar sua posição precisa competir mais no circuito. Para isso, precisa de mais patrocínios.

Ele tem apoio de empresas privadas e do programa Bolsa Atleta, uma situação que ele mesmo considera privilegiada. Isso o ajuda a disputar mais torneios. De Paris, Ymanitu vai viajar quatro semanas pela Europa, onde vai disputar dois torneios no interior da França e outros dois na Espanha.

“Eu me considero um atleta diferenciado pois tenho bons apoios. Mas é difícil conseguir esses bons apoios principalmente para atletas de cadeira de rodas Para você ter uma ideia de como é duro, teve um ano que mandei meu currículo para mais de 40 empresas, e não tive nenhum retorno“, lembrou.

No torneio de Roland Garros, Ymanitu esteve apoiado pelo técnico da seleção brasileira da CBT Raphael Moraes, que vai acompanhá-lo nos próximos torneios franceses. A ideia é garantir a continuidade de um trabalho e dos resultados no saibro parisiense.

”Ymanitu fez uma grande semana Roland Garros, lembrando que aqui estão jogando contra os oito melhores do mundo. Ele veio com convite, mas com o jogo que ele veio é merecedor de estar em Roland Garros", afirma Raphael.

"Ter feito uma final aqui foi de extrema importância para o desenvolvimento dele, e estar jogando em alto nível com atletas aqui da Europa é muito importante também para o ranking, para tudo, de um modo geral", completa.

Ymanitu Silva exibe o prêmio conquistado em Roland Garros, em 3 de junho de 2022.
Ymanitu Silva exibe o prêmio conquistado em Roland Garros, em 3 de junho de 2022. © RFI/Elcio Ramalho

Raphael lembra das dificuldades de uma paratleta de fora do continente europeu estar longe do circuito de alto nível. "O bom nível de tenis está na Europa e estamos na América do Sul, bem distantes. As passagens estão cada vez mais caras e os torneios ficam mais caros. Vamos ter um mês de ouro, que vamos tentar aproveitar o máximo possível”, diz.

”Hoje passamos por imensas dificuldades. O deficiente físico tem uma rotina igual ou até pior pela sua deficiência. As pessoas deveriam olhar com mais carinho para ajudar esses atletas porque eles lutam bastante para estarem onde estão e merecem bons patrocínios para darem continuidade às suas vidas como atletas” completa.

Sonho de Grand Slams

Ymanitu não consegue ainda se dedicar integralmente ao tênis. Trabalha meio período em uma empresa privada e treina na parte da tarde. Mas atuando em alto nível, ele fixou metas para este ano: ficar entre os sete melhores do mundo e futuramente conseguir disputar todos os Grand Slams do circuito

“Meu objetivo mais próximo é conseguir entrar entre os top 7 do mundo. Eu conseguindo esse meu primeiro objetivo, consigo entrar em todos os Grand Slams para levar o tênis de cadeira de rodas do Brasil. Depois quero voltar para as Paralimpíadas, e quem sabe, conquistar uma medalha”, diz, esperançoso.

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