Acessar o conteúdo principal
Rendez-vous cultural

Bienal Internacional do Circo na França, dirigida por brasileira, se adapta à pandemia

Publicado em:

Mais um grande evento cultural na França é atropelado pela pandemia do coronavírus. Desta vez é a quarta edição da Bienal Internacional das Artes do Circo, dirigida pela brasileira Raquel Rache de Andrade, em Marselha, no sul da França. Devido às medidas sanitárias aplicadas pelo governo francês, o grande encontro de artistas circenses aconteceu sem público, apenas em versão para profissionais, até 21 de fevereiro.

O Lago dos Cisnes, do grupo L'Eolienne.
O Lago dos Cisnes, do grupo L'Eolienne. © Albane Photographe
Publicidade

Raquel Rache fala sobre a edição de 2021 à repórter Maria Carolina Piña:

Esta quarta edição da bienal é bem diferente das outras, porque a gente teve muito trabalho. Há dez meses a gente imaginou um plano B, um plano C, um plano D. Quando a gente viu que a bienal estava se aproximando e que o plano D não ia dar certo, começamos a pensar em um plano E, em que os espetáculos seriam mostrados somente para os profissionais. Isso foi uma decisão que a gente tomou porque a gente não poderia ter público normal. Decidimos não anular a bienal porque esses artistas prepararam esses espetáculos durante dois anos, eles precisam encontrar os profissionais para poder imaginar como é que vai ser o mundo do amanhã. Ou seja, eles vão poder fazer uma grande turnê, girar o mundo, a França. Isso era muito importante, manter o essencial da Bienal, que é uma bienal de criação, onde a gente mostra as estreias dos espetáculos – isso a gente queria continuar. E apresentar a esses profissionais, que tinham o direito de vir ver esses espetáculos.

"Celui qui tombe", de Yoann Bourgeois.
"Celui qui tombe", de Yoann Bourgeois. © CCN2

A organizadora da Bienal de Artes do Circo fala sobre as discussões deste ano:

O fio condutor desses encontros profissionais são as discussões que a gente vai ter durante esse tempo. A gente vai fazer cinco mesas redondas sobre temáticas importantes, que são a escrita feminina dentro do circo, o repertório do circo contemporâneo e também pensar uma evolução mais durável dentro do circo e a mobilidade dos artistas de circo na Europa, além da questão da numeração da arte, numeração nas relações entre programadores e artistas.

"El lago de los cisnes" en versión circense, de Florence Caillon.
"El lago de los cisnes" en versión circense, de Florence Caillon. © L'Éolienne

Raquel Rache destaca a valorização da mulher na criação circense:

É nos debates, nos encontros, que a gente vai poder aprofundar essas questões que interessam a todos. E ao mesmo tempo, a gente tem um fio que é muito importante, que é a criação feminina dentro desse panorama de proposições artísticas. Até há pouco tempo, só 30% eram programadas dentro do teatro. Então, botar isso um pouquinho lá em cima, queremos que a mulheres sejam programadas, que elas tenham subvenções do mesmo nível que os homens. Esse é um fio condutor não só desta, mas de três bienais. Na bienal passada colocamos uma luz em cima das mulheres que eram portadoras de projetos ambiciosos. Neste ano são as escritoras, as autoras de circo que estão sob os projetores. E na próxima bienal, a artista em destaque, mais importante, será uma mulher.  

"Ether" de Fanny Soriano.
"Ether" de Fanny Soriano. © Libertivore

Os artistas circenses foram muito abalados pela pandemia, como relata Raquel Rache:

Está sendo um período muito difícil para os artistas. Acho que vai ser ainda um período difícil para eles. Eles – e ninguém, aliás – estavam esperando que isso fosse tão violento esse momento, pois todas as turnês foram anuladas. Os que estavam em meio a projetos não conseguiam criar nada, porque não tinham energia nenhuma. Eles estavam realmente desanimados, então era algo muito difícil. Eles estão sem saber como fazer, meio perdidos, tem alguns grupos e companhias que vão desaparecer, então é uma realidade muito difícil e dura para eles.

 

 

A brasileira Rachel Rache é a diretora da Bienal Internacional de Artes do Circo, que acontece em Marselha.
A brasileira Rachel Rache é a diretora da Bienal Internacional de Artes do Circo, que acontece em Marselha. © arquivo pessoal

 

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.