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Contagem Regressiva Paris 2024

Jogos Olímpicos de 2024 são oportunidade para uma Paris mais inclusiva

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Como acontece a cada quatro anos, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos são uma oportunidade para as cidades-sede implementarem mudanças e combaterem problemas urbanos. Em Paris 2024 não será diferente. Para a capital francesa, que vai ser palco de sua primeira Paraolimpíada, é a chance de tornar o país mais inclusivo e acessível.

Jovens e idosos experimentam o judô com os olhos vendados durante o dia paraolímpico organizado na Praça da República em Paris, em 8 de outubro de 2023.
Jovens e idosos experimentam o judô com os olhos vendados durante o dia paraolímpico organizado na Praça da República em Paris, em 8 de outubro de 2023. © Yohann Le Coz
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É o que estima o Comitê Internacional Paralímpico (IPC), que tem como diretor o brasileiro Andrew Parsons. Ele destaca que o esporte paralímpico está mais forte do que nunca. E que os Jogos em Paris serão fantásticos, já que as disputas acontecerão perto de locais emblemáticos. 

E com o retorno do público, depois de jogos pandêmicos em Tóquio, marcados pela Covid-19. 

Os Jogos Paralímpicos acontecem de 28 de agosto a 8 de setembro de 2024 e vão utilizar certos locais de competição dos Jogos Olímpicos, como a Esplanada dos Inválidos e a Torre Eiffel. 

Os eventos esportivos são o empurrão que faltava para obras de acessibilidade na França, país onde 12 milhões de pessoas são portadoras de deficiências. 

E a questão do transporte público é o calcanhar de Aquiles – Paris é uma cidade muito criticada pela falta de acessibilidade.

De acordo com a associação APF France Handicap, espera-se que 350 mil pessoas com deficiência participem nos Jogos em 2024. 

Dados da Ile-de-France Mobilités, que administra o transporte na região parisiense, mostram que apenas 9% do metrô são acessíveis atualmente a cadeirantes.

Estudos apontam que nas antigas linhas – algumas com mais de 100 anos – há risco de colapso caso haja reformas para ampliar corredores ou instalar elevadores. Além disso, algumas estações são classificadas como monumentos históricos, o que também impede mudanças em seus projetos.

Para tornar acessíveis todos os locais de provas, a organização promete melhorar as redes de transporte de superfície, incluindo trens, ônibus, vans e taxis.

As associações de pessoas com necessidades especiais também alertam para a infraestrutura deficitária para cadeirantes nos aeroportos, onde um grupo de trabalho foi formado para tratar do assunto.

No começo do próximo ano será feito um levantamento dos quartos de hotéis com acessibilidade garantida. 

Para atrair o público, a organização oferece ingressos com preços acessíveis a todos. A partir deste 9 de outubro, 2,8 milhões de ingressos estão à venda para os Jogos Paralímpicos de Paris 2024, a partir de 15 euros para certas modalidades, como as provas de equitação no Castelo de Versalhes, de atletismo no Stade de França ou de judô no Grand Palais.

Desta vez, não haverá sorteio, mas um sistema de venda por ordem de chegada. Estão previstos também pacotes especiais, explica Tony Estanguet, presidente do Comitê organizador Paris 2024. "Por € 24 você pode assitir 4 esportes no mesmo dia e na mesma região, em que você possa se delocar a pé. Há muitas inovações como o pacote família: dois tíquetes de adulto dão direito a dois de criança a dez euros. Os jogos Paralímpicos são sempre impressionantes e quando assistimos nos transformamos. Queremos que o máximo de famílias francesas possam ter esta oportunidade".  

As ambições do comitê organizador são grandes. Além de incentivar a prática esportiva para portadores de deficiência física, mudar o olhar em relação a essas pessoas.

A menos de um ano para os jogos, o objetivo é envolver a população. Parte do trabalho começa com a divulgação de códigos, regras, vocabulário e ferramentas pedagógicas para que todos possam compreender e se integrar ao mundo paralímpico. 

Enquanto isso, os trabalhos estão adiantados na Vila Olímpica, que fica entre Saint-Denis e Saint-Ouen, na região parisiense. 

Marion Le Paul, da empresa responsável pelas Obras Olímpicas, fala sobre os apartamentos para receber os atletas. Onde cada detalhe conta. "Teremos cerca de 40 prédios, 100 % dos apartamentos são acessíveis a pessoas com mobilidade reduzida e esses edifícios serão utilizados após os Jogos como moradias. Nos escolhemos por exemplo a pia sem o móvel embaixo, para que uma cadeira de rodas possa se encaixar".

Para Ludvine Muinos, ex nadadora francesa que já conquistou três ouros paralímpicos, Paris não pode perder esta chance. “Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos são uma oportunidade para discutir sobre acessibilidade. Temos que aproveitar esse momento coletivamente para impor mudanças".

Ainda que nenhum evento esportivo seja capaz de resolver todos os problemas, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do ano que vem podem ser catalizadores de mudanças duradouras.

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