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Acordo alcançado na COP28 é "um pequeno esforço em um mundo de brutos", diz jornal francês

A imprensa francesa repercute em peso o acordo alcançado na véspera na Conferência do Clima de Dubai que propõe uma “transição para o fim dos combustíveis fósseis”. O assunto está nas capas dos maiores jornais do país nesta quinta-feira (14), mas os diários se dividem entre ceticismo e otimismo sobre o compromisso.

O presidente da COP28, Sultan Al-Jaber (centro), cercado por outros responsáveis da Conferência do Clima de Dubai, aplaudem anúncio do acordo final do evento na quarta-feira, 13 de dezembro de 2023.
O presidente da COP28, Sultan Al-Jaber (centro), cercado por outros responsáveis da Conferência do Clima de Dubai, aplaudem anúncio do acordo final do evento na quarta-feira, 13 de dezembro de 2023. AFP - GIUSEPPE CACACE
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"O acordo que reaviva a esperança" é a manchete do jornal Le Parisien que acredita que o compromisso seja "o começo do fim" das energias fósseis. O texto foi divulgado na manhã de quarta-feira (13) após negociações que duraram duas semanas entre os 195 países participantes da COP28. 

Para o diário, não há dúvidas de que o acordo é histórico. "É a primeira vez em 28 anos desta grande missa do clima que um apelo é feito para o abandono progressivo do gás, carvão e petróleo, principais responsáveis pelo aquecimento global", ressalta Le Parisien.

O jornal Libération não compartilha desta mesma certeza, mas reconhece a importância da mudança de posicionamento dos países sobre a questão das energias fósseis: "um pequeno esforço em um mundo de brutos", diz em relação às nações petroleiras. 

Para Libé, o texto apresentado na quarta-feira em Dubai conta com avanços sem precedentes ao direcionar os países à neutralidade de carbono até 2050. No entanto, deixa a desejar quanto as obrigações do poderoso setor dos hidrocarbonetos

De toda a forma, "era impossível esperar um acordo mais ambicioso, estabelecendo imediatamente uma saída das energias fósseis em uma data precisa", afirma a matéria, lembrando as contradições do evento, "sediado em uma petromonarquia sob o monitoramento do lobby do petróleo e do gás".

Dificuldades para entrar em prática

Mesmo tom do jornal La Croix que classifica o acordo de "vago" e acredita que a falta de precisões deve dificultar que ele seja colocado em prática. "Em Dubai o sentimento geral é mais de alívio do que euforia. Por pouco a COP28 no país petroleiro não se transformou em fiasco", diz a matéria. 

La Croix separa em nove tópicos os principais pontos do compromisso, "a primeira avaliação global do plano climático desde o Acordo de Paris", salienta. O diário também considera histórica a menção inédita das energias fósseis, lembrando que foram necessárias várias horas de negociação para que houvesse um consenso sobre a fórmula a ser adotada no texto, que não fala em "saída", como desejavam vários países. 

A matéria também elogia a necessidade de mobilização em massa das energias renováveis e lembra uma vitória diplomática da França no evento: o reconhecimento do nuclear como energia de transição. Em contrapartida, critica a falta de propostas para o financiamento da redução das emissões e aponta que a adaptação - que engloba diferentes estratégias dos Estados para lutar contra as consequências do aquecimento global - é o principal ponto esquecido na conferência.

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