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Nova prisão de ativista palestina Ahed Tamimi por Israel é denunciada por familiares

Ela se tornou o rosto da luta contra a ocupação israelense nos territórios palestinos. Ahed Tamimi, 22 anos, foi novamente presa pelas Forças Armadas de Israel na segunda-feira (6). Familiares contestam o motivo da detenção: um controverso post no Instagram cuja autoria não pode ser confirmada.

A militante palestina Ahed Tamimi, em foto de fevereiro de 2018.
A militante palestina Ahed Tamimi, em foto de fevereiro de 2018. AP - Ariel Schalit
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Segundo as autoridades israelenses, o post faz incitação ao terrorismo e à violência. A publicação, atribuída à Ahed Tamimi, promete "massacrar" os cidadãos de Israel "em todas as cidades da Cisjordânia" e faz referência à Hitler. A conta foi apagada depois da prisão.

As Forças Armadas de Israel afirmam que atualmente Ahed Tamimi "passa por um rigoroso interrogatório". A situação é denunciada por familiares, que descartam que a publicação seja de autoria da jovem. A mãe da garota, Narimane Tamimi, lembra que há vários perfis falsos de Ahed na internet. Além disso, "cada vez que ela tenta abrir uma conta nas redes sociais, é automaticamente bloqueada", alega.

Desde a adolescência, Ahed Tamimi carrega a bandeira da resistência palestina. Aos 11 anos, imagens em que aparece enfrentando soldados israelenses foram vistas em todo o mundo. Aos 14, ela voltou a chamar a atenção do planeta defendendo o irmão de um militar. Aos 16, ela aparece vestindo roupas de detenta rodeada de policiais israelenses.

Originária de uma família de militantes, a jovem cresceu rodeada por líderes da resistência palestina. Sua casa, na cidade de Nabi Saleh, no norte da Cisjordânia - território ocupado desde 1967 por Israel - tornou-se uma referência de militância. 

Quando criança, Ahed sonhava ser jogadora de futebol. Mas a dura realidade da Cisjordânia, em que terras palestinas são palco de disputas e mortes ao serem ilegalmente ocupadas por colonos israelenses, a levou a outro caminho. 

Ahed Tamimi (à esquerda) morde a mão de um soldado israelense para defender o irmão durante um confronto na Cisjordânia, em 28 de agosto de 2015.
Ahed Tamimi (à esquerda) morde a mão de um soldado israelense para defender o irmão durante um confronto na Cisjordânia, em 28 de agosto de 2015. AFP - ABBAS MOMANI

Exploração com objetivos políticos 

Para a extrema direita de Israel, Ahed é fruto de uma família "que explora seus filhos com objetivos políticos". Parte da imprensa israelense, principalmente a mais conservadora, não poupa críticas à jovem, descrita como "uma provocadora que sabe midiatizar seus atos". 

O pai da garota, Brassem Tamimi, é membro do partido Fatah, do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas. O militante filma e divulga cada incidente com soldados israelenses. A família também foi marcada por tragédias em confrontos na Cisjordânia, que terminaram com a morte de um tio e uma tia da jovem. 

Brassem Tamimi ficou preso durante anos pelas autoridades israelenses. Há duas semanas, no contexto explosivo da nova fase da guerra entre Israel e o Hamas, voltou a ser detido. Segundo ele, Ahed foi impactada pelos relatos de incursões e prisões durante toda a sua vida, mas também foi formada para encarnar o rosto da jovem resistência palestina. 

Ousadia que irrita Israel

A ousadia e a atenção que Ahed consegue atrair irrita as autoridades israelenses. A jovem discursou no Parlamento Europeu, visitou a França a convite de políticos de esquerda, e cada uma de suas aparições em manifestações contra a ocupação israelense viraliza na internet.

Em 2018, aos 16 anos, a jovem deu tapas em dois soldados que atiraram contra o primo e foi presa durante oito meses. Ao revelar a experiência nas redes sociais, a garota recebeu apoio do mundo inteiro, desagradando ainda mais Tel Aviv.

Ahed tem consciência do risco que corre ao defender seus ideais. "Cada palavra que eu digo, tem um peso, uma responsabilidade. Então, é algo pesado o que eu carrego", disse ela em entrevista à AFP em 2018. 

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