Quase metade das casas da Faixa de Gaza foram destruídas ou danificadas por ataques israelenses
Os principais jornais franceses desta sexta-feira (27) destacam a situação catastrófica na Faixa de Gaza. Segundo a ONU, cerca de 45% das residências foram "destruídas ou danificadas" pelos bombardeios israelenses nos últimos 20 dias.
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O jornal Le Monde destaca informações divulgadas pelo Escritório para Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha, sigla em inglês) que apontam que mais de 16 mil casas foram derrubadas desde o dia 7 de outubro, quando teve início essa nova fase do conflito entre Israel e o Hamas.
Quase metade das residências da Faixa de Gaza foram completamente destruídas ou atingidas desde que Israel decidiu reagir aos ataques perpetrados pelo grupo Hamas há quase três semanas.
O Ocha também calcula que 1,4 milhão de palestinos se deslocaram dentro do enclave para fugir da ofensiva israelense. Mais de 640 mil pessoas estão alojadas nas instalações da ONU dentro do território bloqueado por Israel.
"A fuga sem fim dos palestinos" é o título de uma matéria do jornal Libération, que entrevistou moradores obrigados a deixar suas casas e que relatam que nenhum lugar da Faixa de Gaza é seguro atualmente.
O palestino Ayman contou ao diário que se refugiou com a família e outros vizinhos na casa de um parente em Rafah, no sul do enclave. Ao todo, 20 pessoas dividem o espaço e tentam sobreviver a dias descritos por ele como "apocalípticos" onde acordar a cada manhã se tornou "um milagre", afirma.
Libération traz um mapa das destruições na Faixa de Gaza e faz uma comparação, por meio de imagens de satélites do escritório Masae Analytics, do antes e depois do 7 de outubro no território palestino.
Segundo o diário, "observadores estimam que a campanha militar em Gaza é uma das mais intensas do século 21": mais de sete mil bombas foram largadas sobre o enclave, a metade do que os Estados Unidos lançaram sobre o Afeganistão em 2001, no período de um ano após os atentados de 11 de setembro.
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"Black out" de notícias
O jornal La Croix teme, além da piora da situação em Gaza, "um black out" de notícias sobre a situação no enclave. Ao menos 24 jornalistas que transmitiam informações de dentro do território para o mundo morreram nos ataques nesses últimos 20 dias. Os dados são compilados pelo Comitê de Proteção aos Jornalistas, que acredita que a quantidade de profissionais de mídias mortos nos bombardeios israelenses deva ser ainda maior.
Segundo o balanço da organização, 24 repórteres - 20 palestinos, três israelenses e um libanês - não sobreviveram aos ataques realizados desde 7 de outubro. A última vítima é Duaa Sharaf, apresentadora da rádio Al Aqsa, que morreu junto com o filho na madrugada de quarta-feira (25) em um bombardeio que destruiu sua casa.
O diário destaca que as mídias internacionais são privadas de acesso a Gaza por Israel e contam com a colaboração de jornalistas locais para propagar informações sobre a guerra. La Croix lamenta que muitos desses profissionais estejam executando suas funções ao mesmo tempo em que tentam sobreviver e proteger suas famílias. Entrevistado pelo jornal sob anonimato, um correspondente internacional afirma que foi aconselhado por sua empresa a interromper sua cobertura para priorizar sua vida.
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