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Encontro entre governo russo e representantes do Hamas em Moscou causa indignação em Israel

Uma delegação do Hamas, chefiada pelo vice-chefe do gabinete político da organização, Musa Abu Marzouk, está em Moscou em visita oficial para discussões sobre a guerra em curso contra Israel, confirmou a diplomacia russa nesta quinta-feira (26). Enquanto isso, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Mikhail Bogdanov, reuniu-se com líderes políticos do Hamas no Catar, segundo a imprensa russa. Os contatos geram indignação em Israel.

Vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Mikhail Bogdanov, reuniu-se com líderes políticos do Hamas no Catar. (foto de 10/07/2023)
Vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Mikhail Bogdanov, reuniu-se com líderes políticos do Hamas no Catar. (foto de 10/07/2023) AP - Natalia Kolesnikova
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Tel Aviv denuncia com firmeza contatos com o Hamas e, em particular, a recepção da delegação do grupo palestino em Moscou, informa o correspondente da RFI em Jerusalém, Michel Paul. O Hamas, sublinha o Ministério das Relações Exteriores em Jerusalém, é “uma organização terrorista pior que o grupo Estado Islâmico”.

“As mãos dos seus altos funcionários estão cobertas com o sangue de mais de 1,4 mil israelenses que foram massacrados, assassinados, executados e queimados”, continua o Estado hebreu. “Eles também são responsáveis”, recorda a diplomacia israelense em uma mensagem dirigida ao Kremlin, “pelo rapto de mais de 220 israelenses, incluindo bebês, crianças e idosos”.

Para Israel, o convite a Moscou desta delegação é um “ato obsceno de apoio ao terrorismo e de legitimação do Hamas”. O ministério israelense pede ao governo russo, em termos pouco diplomáticos, para expulsar imediatamente os “terroristas do Hamas”.

Desde o início da guerra, tem havido conversas telefônicas entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Putin apresentou as suas condolências a Israel, mas desde então, Moscou “alinhou-se sistematicamente ao Hamas”, avalia Tel Aviv – e isso apesar de Israel ter se mantido relativamente discreto nas críticas à Rússia devido à invasão da Ucrânia.

epresentantes do Hamas, Bassem Naim e Moussa Abu Marzouk, e o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Mikhail Bogdanov, se reúnem para conversar sobre a libertação de reféns estrangeiros, em Moscou, Rússia. (26/10/2023)
epresentantes do Hamas, Bassem Naim e Moussa Abu Marzouk, e o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Mikhail Bogdanov, se reúnem para conversar sobre a libertação de reféns estrangeiros, em Moscou, Rússia. (26/10/2023) via REUTERS - HAMAS HANDOUT

Uma fonte diplomática russa disse às agências de notícias estatais que a reunião com a delegação liderada por Moussa Abou Marzouk teve como foco os reféns detidos pela organização palestina e a retirada dos cidadãos estrangeiros de Gaza. Segundo esta fonte, Moscou insistiu junto ao Hamas pela “libertação imediata de reféns estrangeiros na Faixa de Gaza”.

Irã também foi recebido

A Rússia, ao contrário dos Estados Unidos e da União Europeia, não considera o Hamas uma organização terrorista e sempre manteve relações com o movimento islâmico palestino.

Além dos representantes do governo palestino, Moscou também recebeu o vice-ministro dos Negócios Exteriores do Irã, Ali Bagheri Kani. Ele reuniu-se com o seu homólogo russo, Mikhail Bogdanov, e ambos discutiram "a escalada sem precedentes do conflito israelo-palestino", segundo o Ministério das Relações Exteriores russo.

“A necessidade de cessar as hostilidades dentro e ao redor da Faixa de Gaza e de fornecer rapidamente assistência humanitária à população palestina afetada foi reafirmada”, disse a diplomacia russa. “Moscou e Teerã continuam determinados a continuar a estreita coordenação dos esforços destinados a estabilizar a situação no Oriente Médio”, acrescentou.

Cidadãos russos são feitos reféns

Na terça-feira, o Kremlin indicou que não foram feitos quaisquer progressos na libertação dos reféns russos raptados pelo Hamas, e admitiu até que não sabia quantos eram.

A diplomacia russa já havia relatado pelo menos 20 cidadãos com dupla nacionalidade russo-israelense mortos e dois sequestrados durante os ataques do Hamas em 7 de outubro. Centenas de cidadãos russos também vivem na Faixa de Gaza, alvo dos bombardeios israelenses.

Moscou condenou os ataques lançados em 7 de outubro contra civis israelenses, mas também insistiu na necessidade de um Estado palestino para pôr fim ao conflito e alertou Israel contra as consequências de uma resposta "cega e assassina".

Cerca de 220 israelenses, estrangeiros ou com dupla nacionalidade, foram sequestrados por militantes do Hamas durante a ofensiva, realizada em solo israelense.

Desde então, em retaliação, o exército israelense tem bombardeado sem trégua a Faixa de Gaza, controlada pelo movimento islâmico palestino, causando mais de 7 mil mortes até agora, incluindo quase 3 mil crianças no território palestino, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

Com informações da AFP

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